Putin afirma que plano de Trump ‘pode servir de base’ para acordo com Ucrânia
Proposta da Casa Branca estabelece 28 pontos para trégua e sugere concessões significativas por parte de Kiev à Rússia
O presidente russo Vladimir Putin recebeu de forma positiva, nesta sexta-feira (21/11), o plano dos Estados Unidos para encerrar a guerra na Ucrânia. A proposta da Casa Branca estabelece 28 pontos para a trégua e, segundo o líder russo, poderá servir de base para um acordo de cessar-fogo.
Segundo a RT, Putin destacou que Washington havia iniciado tratativas ainda antes da reunião entre os dois líderes no Alasca, em agosto deste ano, mas que uma “pausa” ocorreu após a suposta rejeição de Kiev às condições colocadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Durante as discussões, o lado americano nos pediu para fazer certos compromissos”, disse.
É por isso que o “plano modernizado” contendo 28 pontos apareceu depois, explicou. “Acredito que também pode servir de base para um acordo final de paz. Mas esse texto não está sendo discutido conosco de forma substancial”, afirmou.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou em postagem na plataforma X que qualquer solução deverá garantir uma “paz verdadeira e digna”. Ele avaliou que a recusa dos “difíceis 28 pontos” da Casa Branca podem levar ao “inverno mais duro” do país desde 2022; e prometeu trabalhar “calma e rapidamente” com Washington e aliados europeus para assegurar que “os interesses nacionais da Ucrânia”.

Putin afirma que plano de Trump ‘pode servir de base’ para acordo com Ucrânia
Daniel Torok / White House
Zelensky, que vem enfrentando um escândalo de corrupção no governo e a perda de efetivos militares, afirmou que irá apresentar “alternativas” ao plano norte-americano.
Poucas horas após as declarações de Putin, líderes europeus reforçaram que qualquer negociação de paz deve proteger os interesses da Ucrânia, informa a agência Ansa. Em nota, os governos da Alemanha, Reino Unido e França relataram uma conversa emergencial com o presidente ucraniano, com a participação do chanceler Friedrich Merz, o premiê britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron.
“Continuaremos a perseguir o objetivo de proteger os interesses vitais europeus e ucranianos em longo prazo”, diz o comunicado. Os líderes elogiaram o esforço dos Estados Unidos, mas afirmaram que a atual linha de frente deve ser apenas “ponto de partida” para discussões territoriais.
O plano
Segundo a Ansa, entre os pontos da proposta de Trump constam a cessão completa do Donbass à Rússia; a limitação das Forças Armadas ucranianas a 600 mil efetivos; a anistia total para os dois países, bloqueando processos por crimes de guerra; um pacto de não agressão entre Europa, Ucrânia e Rússia, declarando “resolvidas” ambiguidades geopolíticas dos últimos 30 anos.
O plano de paz também estabelece eleições presidenciais na Ucrânia em até 100 dias após a assinatura do acordo; a colocação da usina de Zaporizhzhia sob supervisão da AIEA, com divisão igual da energia; a proibição de entrada da Ucrânia na OTAN e a ausência de tropas da aliança no país. Também fica obrigatório o russo como língua oficial e a retirada das tropas ucranianas em Donbass.
Ao concordar com o plano de paz, a Ucrânia receberá garantias de segurança ocidentais, incluindo caças europeus estacionados na Polônia e a promessa de que uma agressão russa será tratada como ataque “a toda a comunidade transatlântica”.























