Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou neste sábado (27/09), em discurso na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que qualquer agressão contra seu país terá uma “resposta decisiva”.

A declaração foi feita após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defender que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deveria derrubar qualquer aeronave russa que violasse o espaço aéreo da aliança.

“A Rússia foi praticamente acusada de planejar um ataque contra países da OTAN e da União Europeia. A Rússia não tem, e nunca teve, tais intenções. Mas qualquer agressão contra meu país desencadeará uma resposta decisiva. Não deve haver dúvidas sobre isso”, disse Lavrov.

O chanceler russo disse que a aliança militar “já está espremida na Europa” e que, agora, se “projeta no Oceano Pacífico, no mar do Sul da China, no Estreito de Taiwan”, criando “ameaças não apenas à China e à Rússia, mas também a outros países da região”.

Nos últimos dias, governos da OTAN disseram que caças e drones russos teriam ultrapassado o espaço aéreo europeu em diferentes ocasiões. Moscou nega as acusações e considera que elas fazem parte de uma campanha para tensionar ainda mais as relações entre Rússia e o bloco militar.

Lavrov disse que Moscou está alarmada com comentários de alguns políticos nas capitais da União Europeia e da OTAN de que uma iminente Terceira Guerra Mundial é um “cenário provável”.

“Este regime não só falhou em representar os interesses de sua população, como também desencadeou uma guerra contra ela. Nem os colonizadores nem o regime de Kiev tiveram qualquer consentimento dos povos que pretendiam governar”.

sergey lavrov

Lavrov disse que Moscou está alarmada com comentários europeus
UN Photo / Loey Felipe

Trump defende derrubar aeronaves

Trump foi questionado nesta semana se apoiaria a derrubada de aeronaves russas em caso de violação do espaço aéreo da Otan. “Sim, acredito”, respondeu o presidente dos EUA. A fala reforçou a escalada de tensões, embora ele mantenha uma postura ambígua em relação a Moscou.

Neste sábado, Lavrov evitou críticas diretas ao presidente estadunidense e ressaltou a abertura para o diálogo. “No atual governo americano, vemos um desejo não apenas de contribuir para soluções realistas para a crise ucraniana, mas também de desenvolver uma cooperação pragmática sem assumir uma postura ideológica”, afirmou.

Sanções contra Cuba e Venezuela

Lavrov também reafirmou que a Rússia defende o fim do bloqueio a Cuba e expressa apoio à Venezuela. Ele se disse muito alarmado com o reforço naval dos EUA em águas internacionais ao redor do território venezuelano, “a situação é muito grave”.

No mesmo discurso, Lavrov acusou as potências ocidentais de “sabotarem” a diplomacia com o Irã ao restabelecerem as sanções da ONU contra Teerã pelo programa nuclear. O chanceler russo condenou a rejeição, na sexta-feira (26/09), de um texto apresentado por Moscou e Pequim que buscava adiar a retomada das sanções.

O chanceler russo também denunciou o genocídio perpetrado por Israel contra os palestinos, afirmando que nada justifica o “castigo coletivo ao povo de Gaza, onde crianças morrem sob bombas e de fome, hospitais e escolas são destruídos, e centenas de milhares perdem seus lares”.

“Nada justifica os planos de anexar a Cisjordânia. Trata-se, de fato, de uma tentativa de golpe para enterrar as resoluções da ONU sobre a criação do Estado da Palestina”, disse ele.

(*) Com Brasil de Fato e Sputnik.