Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta sexta-feira (12/09) que as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia estão paralisadas. A declaração ocorre em meio a esforços diplomáticos, durante os quais o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressiona para organizar uma reunião bilateral entre o ucraniano Volodymyr Zelensky e o russo Vladimir Putin.

“Os canais de comunicação existem, estão estabelecidos. Mas mesmo que nossos negociadores tenham a oportunidade de se comunicar por meio desses canais, talvez seja mais apropriado falar que a comunicação foi pausada”, disse o representante russo, quando questionado pela imprensa local sobre os contatos entre negociadores de Moscou e Kiev.

Segundo ele, “não dá para esperar que o andamento das tratativas produzam resultados imediatos”.

Ainda nesta sexta-feira, o enviado especial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Rodion Miroshnik, disse em entrevista à agência TASS que o regime ucraniano parece ter “a intenção de impedir negociações”, ao citar as táticas implementadas por Kiev que incluem “bombardeios implacáveis de áreas residenciais, ataques a civis e ataques ao transporte público – todos com o objetivo de influenciar o sentimento público”.

“Eles estão atacando casas e populações civis e atacando o transporte público com um propósito claro – influenciar a opinião pública. Seu objetivo é desestabilizar o moral e provocar um incidente que possa minar as negociações ou, idealmente, levar ao seu colapso completo. A estratégia de Kiev é pressionar a Rússia a abandonar completamente as negociações, criando um clima em que os civis são levados a acreditar que a negociação não oferece esperança”, explicou.

Dmitry Peskov, porta-voz presidencial da Rússia, confirma que negociações com Ucrânia estão paralisadas
Sergey Fadeichev/TASS

Desde maio, os governos da Rússia e da Ucrânia realizaram três rodadas de negociações diretas por intermédio da Turquia. Como resultado das duas primeiras, eles concordaram com uma troca mútua de prisioneiros no esquema “mil por mil”, incluindo também o retorno daqueles gravemente feridos e jovens com menos de 25 anos.

Em conformidade com os acordos de Istambul estabelecidos em junho, Moscou transferiu para Kiev os primeiros 6.060 corpos de militares ucranianos, enquanto recebeu 78 soldados russos mortos. Em 17 de julho, houve o envio de outros mil corpos de soldados ucranianos em troca de 19 corpos de soldados russos.

Após a terceira rodada de negociações, em 23 de julho, as duas partes concordaram em trocar civis junto com membros do serviço. A Rússia convidou a Ucrânia a criar três grupos de trabalho online para tratar de questões políticas, militares e humanitárias. Ofereceu-se também a transferir os corpos de outros três mil soldados ucranianos para Kiev e retomar pequenas pausas humanitárias na linha de frente.

A última vez que os dois países trocaram corpos foi em 19 de agosto, com a Rússia transferindo mil soldados mortos e a Ucrânia, 19.

O conflito segue em curso em meio às tentativas de um acordo de cessar-fogo encabeçado pelos Estados Unidos e pela União Europeia nas últimas semanas. Recentemente, a sede do governo da Ucrânia pegou fogo após a capital do país, Kiev, ser alvo de uma intensa onda de bombardeios lançados pela Rússia.

Em um comunicado divulgado pela primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, Kiev afirmou que “pela primeira vez, o telhado e os andares superiores do prédio do governo foram atingidos por um ataque inimigo”.

Por sua vez, o Ministério da Defesa russo negou as afirmações ucranianas e garantiu que suas forças não atacaram o prédio governamental.

De acordo com a nota de Moscou, “o ataque utilizou armas de alta precisão e veículos aéreos não tripulados contra as instalações de produção, montagem, reparo, armazenamento e lançamento de drones do governo ucraniano”.

“Os objetivos do ataque foram alcançados e todos os alvos designados foram atingidos. Nenhum ataque foi realizado contra outros alvos em Kiev”, completou.

(*) Com Ansa e TASS