Donald Trump acusa líderes ucranianos de ingratidão aos Estados Unidos
Declaração foi feita enquanto secretário de Estado, Marco Rubio, se reunia em Genebra com delegação de Kiev para avançar com plano para solucionar conflito
Donald Trump acusou, neste domingo (23/11), os dirigentes da Ucrânia de não demonstrarem “nenhuma gratidão” em relação aos esforços norte-americanos, enquanto o secretário de Estado, Marco Rubio, se reunia em Genebra com uma delegação de Kiev na tentativa de avançar com o plano do presidente norte-americano para a Ucrânia.
“Os responsáveis ucranianos não expressaram nenhuma gratidão pelos nossos esforços”, escreveu Trump em sua rede Truth Social, afirmando ter “herdado uma guerra que nunca deveria ter acontecido”.
Até agora, pouco se sabe sobre o conteúdo das negociações na Suíça em torno do plano de 28 pontos, que busca encerrar o conflito iniciado há quase quatro anos com a invasão russa. A versão inicial do texto refletia várias exigências de Moscou e provocou oposição de Kiev e de seus aliados europeus, presentes em Genebra para evitar uma paz que soasse como rendição.
A proposta inicial, elogiada pelo presidente russo Vladimir Putin, incluía concessões territoriais da Ucrânia à Rússia, a redução do tamanho de seu Exército e a renúncia à entrada na Otan, em troca de garantias de segurança ocidentais. Também previa o fim do isolamento da Rússia, sua reintegração ao G8 e a suspensão progressiva das sanções.
Um dos representantes ucranianos, Roustem Oumerov, chefe do Conselho de Segurança, afirmou que a nova versão do texto “já reflete a maioria das prioridades-chave” de Kiev. O presidente ucraniano considerou “positivo que a diplomacia tenha sido reativada e que o diálogo possa ser construtivo”.
Trump deu prazo até 27 de novembro para uma resposta de seu homólogo ucraniano, mas disse que o plano não é sua “última oferta”. Rubio reforçou que o documento “apresenta um quadro sólido de negociações” e que se baseia em contribuições tanto da Rússia quanto da Ucrânia.

“Responsáveis ucranianos não expressaram nenhuma gratidão pelos nossos esforços”, escreveu Trump
Official White House Photo by Daniel Torok
Em Genebra, Rubio se reuniu com o negociador ucraniano Andriï Iermak e também com representantes do Reino Unido, França e Alemanha. Uma nova rodada bilateral ocorreu à tarde entre norte-americanos e ucranianos na representação dos EUA próxima à ONU.
Europa não acredita em acordo imediato
O chanceler alemão Friedrich Merz declarou-se “cético” quanto às chances de acordo até 27 de novembro, mas sugeriu ajustes que poderiam permitir “um primeiro passo” já na quinta-feira.
Os europeus buscam não ficar à margem das negociações. O presidente finlandês, Alexander Stubb, disse ter conversado com Trump, junto da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, sobre o plano. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que “a Ucrânia deve ter a liberdade e o direito soberano de escolher seu destino europeu” e que o papel central da União Europeia precisa ser reconhecido em qualquer acordo de paz.
A França destacou a necessidade de “garantias de segurança sólidas” para uma paz duradoura. Reunidos no G20 em Joanesburgo, 11 países europeus alertaram que o plano norte-americano “exigirá mais trabalho” e pode deixar a Ucrânia “vulnerável a futuros ataques”.
Uma reunião de líderes da União Europeia sobre a Ucrânia está marcada para segunda-feira (24/11), em Angola, paralela a um encontro com dirigentes africanos. O presidente francês Emmanuel Macron anunciou ainda uma videoconferência na terça (25/11) com países que apoiam Kiev, afirmando que sem “elementos de dissuasão, os russos voltarão”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que conversará na segunda-feira com seu homólogo russo e garantiu: “Faremos todo o possível para abrir o caminho para a paz”.























