Chanceler mexicano apresenta comitê de paz para Rússia e Ucrânia: 'falta diplomacia na ONU'
Para Marcelo Ebrard, a entidade 'não conseguiu movimentar nenhum processo diplomático para buscar uma solução através do diálogo'
Marcelo Ebrard, ministro das Relações Exteriores do México, declarou durante discurso na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na última quinta-feira (23/09), que o Conselho de Segurança da organização “não conseguiu movimentar nenhum processo diplomático para buscar uma solução através do diálogo” para o conflito na Ucrânia.
O chanceler atribuiu a paralisia do Conselho de Segurança em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia ao “direito de veto mal denominado pelos membros permanentes”.
Segundo ele, em quase dois anos do México como membro eleito da entidade, o país procurou abordar as causas estruturais de conflitos, promovendo a diplomacia preventiva como elemento central na manutenção da paz.
Ebrard apontou, então, que o avanço do conflito, com “seus pesados custos humanos e materiais”, e o aumento das necessidades humanitárias decorrentes do conflito necessitam “urgentemente de uma solução diplomática”, um cessar-fogo que, para o chanceler, requer a “vontade política das partes e o compromisso da comunidade internacional”.
“Mesmo em meio à guerra, o diálogo e os acordos são possíveis”, disse, ao apresentar uma proposta de Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, para criar um comitê composto pelo Secretário Geral da ONU António Guterres, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o Papa Francisco, com o fim de mediar diretamente a comunicação entre Kiev e Moscou.

Cia Pak/UN PHOTO
Conselho de Segurança, para país latino-americano, estaria paralisado por ‘direito de veto mal denominado pelos membros permanentes’
“O objetivo seria muito claro: gerar novos mecanismos de diálogo e criar espaços complementares de mediação para construir confiança, reduzir tensões e abrir o caminho para a paz real”, explicou.
Ao se referir às tensões globais atuais, o diplomata afirmou que elas não podem ser resolvidas pela força, mas sim por meio de mecanismos políticos que devem ser assegurados para restaurar a estabilidade e a confiança.
“Nosso país continuará a promover o multilateralismo, a solidariedade internacional e a cooperação como a melhor maneira de resolver os desafios globais. Não podemos fechar a porta para o diálogo político e a negociação diplomática”, disse Ebrard.
Ele também reiterou que o México continuará defendendo uma reforma abrangente do Conselho de Segurança, que inclua mais cadeiras e mandatos com tempo maior para os membros eleitos, a fim de torná-lo mais representativo, transparente e eficiente.
Rejeição de armas nucleares
O diplomata também salientou que seu país lamenta a falta de vontade política para alcançar e cumprir acordos que tornariam possível o cumprimento do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
“As armas nucleares continuam representando a pior ameaça à sobrevivência da humanidade”, afirmou o ministro das Relações Exteriores .
Ebrard concluiu: “meu país concorda com a visão do secretário-geral de que um mundo mais seguro e pacífico deve ser baseado no direito internacional, na cooperação e na solidariedade, e não na incessante acumulação e modernização de arsenais nucleares e convencionais”.
(*) Com Prensa Latina e Telesur.























