Bruxelas convoca diplomata russo após ataque contra instalações europeias em Kiev

Ataques aéreos russos atingiram o centro de Kiev na madrugada desta quinta-feira (28/07), incluindo as instalações da delegação da União Europeia e do British Council na capital ucraniana.

A ofensiva ocorre após a Rússia abater 95 drones lançados pela Ucrânia em diferentes regiões do país no último domingo (24/08), incluindo um próximo à Usina Nuclear de Kursk (KNPP), no oeste do país.

Embora a maioria dos drones russos ter sido abatida nesta madrugada, três mísseis balísticos e dois de cruzeiro atingiram a capital, causando destruição em mais de 20 locais. O British Council confirmou em comunicado que sua sede foi “severamente danificada” e permanecerá fechada “até novo aviso”.

Após os ataques, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “a Rússia deve parar imediatamente seus ataques indiscriminados contra infraestrutura civil e se engajar em negociações por uma paz justa e duradoura.”

A União Europeia convocou o encarregado de negócios russo para dar explicações sobre o ataque ao prédio da delegação em Kiev. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou: “nenhuma missão diplomática deve ser alvo de ataques. Este ato é inaceitável.”

“Confirmo que convocaremos o encarregado de negócios russo. Esta reunião ainda terá lugar hoje”, acrescentou.

Resposta do Kremlin

Moscou confirmou os ataques, destaca a RT. “Esta noite, as Forças Armadas da Federação Russa realizaram um ataque conjunto com armas de precisão de longo alcance lançadas do ar, incluindo mísseis aerobalísticos hipersônicos Kinzhal e veículos aéreos não tripulados contra empresas do complexo militar-industrial e bases aéreas militares na Ucrânia. Os alvos do ataque foram alcançados, todos os alvos designados foram destruídos”, afirma o texto.

Aos repórteres nesta manhã, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou que “o regime de Kiev também continua a atacar a infraestrutura russa, muitas vezes a infraestrutura civil” e que, “ao mesmo tempo, a Rússia mantém seu interesse em continuar o processo de negociação para alcançar os objetivos que estabelecemos para nós mesmos por meios políticos e diplomáticos”.

“As forças russas continuarão a atacar o exército ucraniano e a infraestrutura relacionada ao Exército”, reiterou o porta-voz do Kremlin, ao afirmar que o país não ataca civis deliberadamente e que as “Forças Armadas russas estão cumprindo suas tarefas”.

“Como mencionado, elas continuam a atacar infraestrutura militar e relacionada a ela. Os ataques são bem-sucedidos, os alvos estão sendo destruídos e a operação militar especial continua”, afirmou.

Bruxelas convoca diplomata russo após ataque a instalações da UE e British Council em Kiev
Press Service of the Russian Ministry of Defense/TASS

A agência Tass reporta que Peskov também mencionou que a Rússia não chegou a nenhum acordo com a Ucrânia sobre o estabelecimento de um cessar-fogo aéreo. “Nenhum acordo foi alcançado sobre este assunto” afirmou, ao reiterar que “tudo o que pode ser discutido na busca de maneiras de chegar a um acordo deve ser discutido discretamente”.

Entre os alvos atingidos nesta madrugada estão fábricas de armas e aeródromos, além do escritório da empresa de defesa Ukrspecsystems, que fabrica veículos aéreos não tripulados, informa o Kremlin.

Reações

No Reino Unido, o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, também convocou o embaixador russo, ao afirmar que “a matança e a destruição precisam parar.” Já o líder trabalhista e primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou a ofensiva, “esse banho de sangue precisa acabar.”

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Moscou de sabotar qualquer tentativa de paz: “Esses mísseis russos e drones de ataque de hoje são uma resposta clara a todos que vêm pedindo cessar-fogo e negociações. A Rússia escolhe os mísseis balísticos em vez da mesa de negociações”, disse.

Segundo o Ministério do Interior da Ucrânia, 14 pessoas morreram. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, declarou sexta-feira como dia de luto na capital ucraniana, classificando o episódio como “um ataque bárbaro”.