Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, solicitou uma nova reunião com o líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Assembleia-Geral da ONU, que acontece na próxima semana em Nova York, nos Estados Unidos.

Se confirmada, a reunião será a segunda conversa bilateral entre os dois líderes desde o início do atual mandato do presidente brasileiro. O último encontro ocorreu em setembro de 2023, também às margens da Assembleia-Geral da ONU.

Em outras ocasiões, entretanto, Lula e Zelensky se desencontraram. Em maio do ano passado, durante a cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, a reunião não aconteceu e cada presidente responsabilizou o outro pelo fracasso do compromisso. Em 2024, uma nova tentativa de conversa foi cogitada no G7 no Canadá, mas não avançou por questões de agenda.

Desde que voltou ao Palácio do Planalto, sede da Presidência brasileira, Lula tem buscado se projetar como mediador no conflito entre Ucrânia e Rússia, iniciado em 2022. Neste cenário, logo no início do mandato de Lula, em 2023, o Brasil tentou articular com a China uma proposta conjunta de negociação de paz, rejeitada por Zelensky.

A iniciativa, porém, enfrenta resistência do governo ucraniano e de países ocidentais, que criticam a postura brasileira por considerá-la mais próxima de Moscou.

Os dois líderes tiveram divergências nos últimos anos, a partir da postura brasileira em relação à guerra. O presidente brasileiro evita alinhar-se aos países ocidentais e insiste em se apresentar como mediador do conflito. Contudo, suas declarações contra o envio de armas europeias à Ucrânia, que segundo ele, apenas “alimentam a guerra”, foram vistas por Zelensky como gestos de complacência com Moscou.

Além disso, o diálogo direto de Lula com o presidente russo, Vladimir Putin, pedindo negociações de cessar-fogo sem responsabilizar explicitamente a Rússia pela invasão, incomodaram o governo ucraniano, o que fragilizou a relação entre os dois presidentes.

Neste ano, o presidente brasileiro voltou a se engajar no tema. Em ligação com Putin, após participar das celebrações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, Lula sugeriu que o russo viajasse a Istambul para negociar um cessar-fogo. Delegações chegaram a se reunir na Turquia, mas Putin e Zelensky não compareceram.

Zelensky se reunirá com Trump

O presidente ucraniano também anunciou, neste sábado (20/09), que se reunirá com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, também à margem da Assembleia Geral da ONU.

Em declarações à imprensa, Zelensky destacou que teria “uma reunião com o presidente dos Estados Unidos” para discutir garantias de segurança em caso de um acordo de paz com a Rússia, bem como as sanções que seu país exige dos Estados Unidos contra Moscou.

Lula e Zelensky tiveram seu primeiro encontro pessoal em Nova York, em meio à Assembleia Geral da ONU, em 2023
Ricardo Stuckert/PR

“Pode ser que não haja um documento definitivo para encerrar a guerra. É por isso que, por exemplo, o presidente francês, Emmanuel Macron, diz que as garantias de segurança não devem esperar até que a guerra termine. E concordo com ele que um cessar-fogo, por exemplo, é suficiente para fornecer garantias de segurança”, afirmou o líder ucraniano.

Zelensky acredita que garantias de segurança são necessárias antes de se chegar a um acordo provável para encerrar a guerra, que já dura mais de três anos.

“Ninguém está considerando o modelo ‘coreano’, ‘finlandês’ ou qualquer outro. Porque temos o que temos. E ninguém sabe qual será o resultado final. Mas sabemos qual é o primeiro passo. Sabemos quais garantias de segurança são importantes para nós. Que garantias de segurança impedirão os russos de invadir com novas agressões? Mesmo que o fizessem, encontrariam resistência. Resistência real”, acrescentou.

Por fim, o presidente ucraniano expressou frustração e disse que “vincular” possíveis sanções dos EUA a exigências de ações de países europeus significa “diminuir a pressão sobre Putin”.

“Trump espera uma ação decisiva da Europa. Acredito que estamos perdendo muito tempo se sanções não forem impostas ou medidas concretas não forem tomadas, o que esperamos fortemente dele”, concluiu.

Ataque ucraniano deixa mortos na Rússia

Os anúncios ocorrem em meio à escalada dos ataques aéreos e à falta de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.

Também neste sábado (20/09) as tropas de Kiev lançaram um ataque com drones que matou quatro pessoas e deixou uma ferida na região russa de Samara, no sudoeste do país.

“É com profundo pesar que informo que quatro pessoas foram mortas ontem à noite em um ataque de drone inimigo”, disse Vyacheslav Fedorishev, governador da região, nas redes sociais, segundo a emissora alemã Deutsche Welle (DW).

(*) Com Ansa e Brasil de Fato