Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram nesta sexta-feira (29/08) o começo da fase inicial da operação para ocupar totalmente a Cidade de Gaza, no enclave palestino. As tropas também declararam a região como “uma zona de combate perigosa”

“Não estamos esperando. Iniciamos as primeiras fases do ataque à Cidade de Gaza“, declarou o porta-voz das IDF, Avichay Adraee, na rede social X.

Segundo o porta-voz, as forças israelenses estão “operando com grande força nos arredores da cidade”. Repórteres da Al Jazeera relataram milhares de deslocados fugindo “sob um céu escurecido pela fumaça dos bombardeios”.

Na semana passada, aviões e tanques já teriam bombardeado partes da Cidade de Gaza, cujos arredores foram tomados por veículos blindados de Israel. Imagens de satélite da região, divulgadas pela BBC, mostram grandes danos no território, incluindo os bairros de Zeitoun e Sabra, com diversos edifícios completamente destruídos.

Cerca de 1 milhão de palestinos, em sua maioria mulheres, crianças e idosos fragilizados pela crise humanitária, devem ser deslocados pela expansão do ataque israelense na área, onde uma instituição de ajuda alimentar apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) declarou no início deste mês que havia uma “severa fome”.

O plano do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para assumir o controle total da Cidade de Gaza, que concentra metade da população da Faixa de Gaza, foi aprovada em uma reunião de segurança israelense e prevê a evacuação de 1 milhão de pessoas, o que pode piorar a já grave crise humanitária no enclave palestino.

Hamas afirma que operação ameaça reféns

Com o início da ofensiva israelense, o grupo palestino Hamas ameaçou fazer Israel pagar a operação para assumir totalmente a Cidade de Gaza “com o sangue” de seus soldados.

Familiares de reféns criticam  plano de Netanyahu em ocupar Cidade de Gaza
foto RS/ via fotos Publicas

A ocupação planejada por Israel na Faixa de Gaza “terá um efeito devastador sobre a liderança militar e política”, e “o exército inimigo pagará o preço com o derramamento de sangue de seus soldados”, declarou Abu Obeida, porta-voz do braço armado do Hamas, as Brigadas Qassam.

Os reféns “correm os mesmos riscos que os combatentes palestinos”, acrescentou o grupo em mensagem citada pela Al Jazeera. “Se morrerem, a responsabilidade será do governo israelense”, alertou.

O início da mais recente ofensiva para ocupação ocorreu no mesmo dia em que as IDF anunciaram ter recuperado os corpos de dois reféns sequestrados pelo grupo palestino Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023.

Segundo o jornal Times of Israel, um dos corpos é de Ilan Weiss, homem de 56 anos morto no dia dos ataques. A esposa de Weiss, Shiri, e sua filha, Noga, também foram raptadas, mas foram libertadas durante uma breve trégua em novembro de 2023.

Já o outro corpo ainda está em fase de identificação no instituto forense Abu Kabir, em Tel Aviv. Acredita-se que 48 reféns ainda estejam em poder do grupo, dos quais apenas cerca de 20 estariam vivos.

Familiares dos reféns criticam o plano de Netanyahu em ocupar a Cidade de Gaza, em temor pelos sequestrados que ainda estão vivos no enclave palestino.

Lula denuncia genocídio mais uma vez

Poucos dias após ter sido acusado pelo governo Netanyahu de “antissemitismo”, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou nesta sexta-feira (29/08) as IDF de cometer genocídio e matar “crianças” na Faixa de Gaza.

“Não é aceitável o genocídio que está acontecendo em Gaza, não tem exemplo no mundo. O exército profissional de Israel não está lutando contra um exército, ele está matando mulheres e crianças”, declarou ele em entrevista a uma rádio de Minas Gerais.

O mandatário enfatizou que é “favorável à criação de um Estado palestino” e que os palestinos vivam em um território demarcado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“Que eles possam viver harmonicamente e pacificamente com o Estado de Israel. Essa é a minha posição antiga. Eu não abro mão dela”, ressaltou.

As declarações foram dadas três dias após o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ter classificado Lula como “antissemita e declarado apoiador do Hamas”.

O presidente brasileiro já reiterou diversas vezes que a solução do conflito no enclave palestino é o “fim da ocupação israelense” e pediu que o mundo não fique “indiferente” ao “genocídio praticado por Israel” em Gaza.

As relações bilaterais atravessam um período de congelamento, já que o governo de Netanyahu desistiu de nomear um embaixador no Brasil diante da demora da administração petista em responder ao pedido de agrément de novo diplomata.

(*) Com Ansa