Youtube exclui canais palestinos que documentavam crimes de guerra de Israel
Plataforma confirmou que decisão cumpre sanções listadas pelos EUA; com mais de 700 vídeos que denunciavam genocídio apagados, grupos de direitos humanos citam 'censura'
A plataforma de vídeos Youtube cedeu à pressão dos Estados Unidos e removeu permanentemente os canais oficiais das três principais organizações palestinas de direitos humanos que documentavam as violações e os crimes de guerra cometidos por Israel contra os civis na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. A medida resultou na derrubada de mais de 700 vídeos das contas Al-Haq, Al Mezan Center for Human Rights e Palestinian Center for Human Rights (PCHR).
O conteúdos deletados incluem reportagens investigativas sobre os ataques em massa contra os palestinos, destruição de casas, além do assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh. De acordo com um relatório publicado pelo The Intercept na terça-feira (04/11), o Youtube, que é de propriedade do Google, confirmou que a decisão foi tomada com base nas sanções revisadas pelo Departamento de Estado norte-americano contra os três grupos.
“O Google está comprometido com o cumprimento das sanções aplicáveis e das leis de conformidade comercial”, disse o porta-voz do YouTube, Boot Bullwinkle, apontando que a plataforma segue às ordens e impõe restrições contra quaisquer entidades sancionadas pela lei dos Estados Unidos. Vale lembrar que, em setembro, o governo de Donald Trump impôs sanções contra grupos que tinham cooperado com o Tribunal Penal Internacional (TPI) na investigação de autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade.

Youtube cedeu à pressão dos Estados Unidos e removeu permanentemente os canais oficiais das três principais organizações palestinas de direitos humanos
The White House/Dan Scavino
O grupo Al Mezan, que teve seu canal banido em 7 de outubro de 2025, apontou para a censura ao denunciar, em comunicado, que os Estados Unidos “já têm como alvo [relatora das Nações Unidas] Francesca Albanese e o TPI”, e que o esquema agora é “incapacitar financeira e politicamente” as entidades que se opõem ao regime sionista.
“Israel e seus aliados estão punindo todos que se manifestam contra o genocídio e defendem o direito internacional. Isto faz parte de uma estratégia deliberada e abrangente para silenciar as vozes palestinas. Israel bombardeou nossos escritórios e matou nossos colegas e suas famílias. Atacou repetidamente jornalistas que cobrem a destruição de Gaza”, publicou no X.
O canal da Al-Haq, excluído em 3 de outubro, afirmou que o YouTube alega que seu conteúdo “viola nossas diretrizes”. Segundo a organização, “a remoção da plataforma de uma organização de direitos humanos pelo YouTube, realizada sem aviso prévio, representa uma grave falha de princípio e um revés alarmante para os direitos humanos e a liberdade de expressão”. Alertou ainda que as sanções norte-americanas estão “sendo usadas para paralisar o trabalho de responsabilização na Palestina e silenciar as vozes e vítimas palestinas”.
Por sua vez, o PCHR, que é considerada a organização de direitos humanos mais antiga de Gaza, disse que a exclusão “protege os perpetradores da responsabilidade”. De acordo com o seu porta-voz, Basel al-Sourani, “o YouTube disse que não estávamos seguindo sua política sobre as Diretrizes da Comunidade, quando todo o nosso trabalho era basicamente apresentar reportagens factuais e baseadas em evidências sobre os crimes cometidos contra o povo palestino, especialmente desde o início do genocídio em curso em 7 de outubro”.























