Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A União Europeia apresentou nesta quarta-feira (17/09) uma proposta formal para suspender os acordos de livre comércio com Israel e impor sanções a autoridades ministeriais “extremistas”, na esteira da mais recente escalada do genocídio no território palestino, impulsionada pela nova incursão terrestre à Cidade de Gaza.

As sanções se dirigem especificamente aos ministros israelenses de extrema direita, Itamar Ben-Gvir, da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças, bem como “colonos violentos e membros do Hamas”. Os dois políticos mencionados já estão sancionados em outros países que não integram a UE, como Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido. Além disso, foram proibidos de entrar em alguns territórios de membros do bloco europeu, como Eslovênia, Espanha e Holanda.

De acordo com a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, o objetivo desse “robusto pacote de sanções” não é “punir Israel”, mas sim “melhorar a situação” na Faixa de Gaza.

“Quero ser muito clara, o objetivo não é punir Israel. O objetivo é melhorar a situação humanitária em Gaza. […] Todos os Estados-membros concordam que a situação humanitária é intolerável”, disse Kallas. “A guerra precisa acabar. O sofrimento deve parar e todos os reféns devem ser libertados”.

Chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas apresenta pacote de sanções a Israel
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As medidas apresentadas enfraquecem o comércio no âmbito do acordo UE-Israel, e preocupam o regime sionista, uma vez que o bloco europeu se consolida como o seu maior parceiro comercial, tendo sido responsável por quase um terço do comércio internacional de mercadorias do país em 2024.

Do ponto de vista econômico, a proposta da Comissão Europeia suspende boa parte do tratado comercial preferencial entre UE e Israel, equivalente a 37% do intercâmbio bilateral, sobretudo produtos agrícolas, que passarão a pagar tarifas maiores. Segundo o portal Politico, o bloco visa impor tarifas sobre cerca de € 5,8 bilhões (R$ 36,5 bilhões) em produtos importados de Israel. Além disso, Bruxelas paralisou o apoio bilateral ao governo israelense, com o congelamento de 9,4 milhões de euros (R$ 59 milhões) em ajudas. 

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, chamou a proposta europeia como “moral e politicamente distorcida”, alegando que ações do tipo “prejudicarão os interesses da própria Europa”.

“Israel continuará lutando com a ajuda de seus amigos na Europa contra as tentativas de prejudicá-lo, enquanto estiver envolvido em uma guerra existencial. As medidas contra Israel serão respondidas na mesma moeda, e esperamos que não sejam necessárias”, escreveu Sa’ar em rede social.

O aspecto político das sanções precisará de aprovação unânime dos Estados-membros e deve enfrentar resistência de países como Alemanha e Hungria. Já a parte comercial dependerá de um aval por maioria qualificada, segundo fontes de Bruxelas.

“As opiniões públicas estão mudando dentro dos Estados-membros porque as pessoas querem que os sofrimentos em Gaza acabem. Agora teremos uma discussão, mas, ao mesmo tempo, as posições políticas permanecem como estavam”, disse Kallas.

(*) Com Ansa