Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em uma declaração comum, os dirigentes dos países da União Europeia (UE) defenderam, nesta quinta-feira (26/10), a criação de corredores humanitários e pausas nos combates que permitam levar ajuda urgente para a população civil na Faixa de Gaza. Os líderes europeus também se dizem favoráveis à organização, em breve, de uma “conferência internacional de paz”, 21 dias depois do início do conflito na Faixa de Gaza.

No primeiro dia da cúpula em Bruxelas sobre a crise na região, os dirigentes europeus tiveram dificuldades para chegar a um consenso sobre a gestão da crise humanitária no território palestino, que está sendo bombardeado diariamente pelas tropas israelenses, desde o dia 7 de outubro.

Na parte das Conclusões da Cúpula, dedicada ao conflito, os líderes europeus destacaram a urgência de ajudar os civis de Gaza “por todos os meios necessários, inclusive corredores humanitários e cessar-fogo para suprir necessidades humanitárias“.

No documento, os chefes de Estado e governo da UE destacaram “sua mais viva preocupação com a degradação da situação humanitária em Gaza” e pediram “um acesso humanitário contínuo, rápido, seguro e sem obstáculos”.

Em seis dias, 74 caminhões de ajuda chegaram do Egito no território palestino de 362 quilômetros quadrados, submetido a um cerco que impede a seus habitantes o acesso a água, comida e eletricidade, de acordo com o escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

“Ninguém está seguro em Gaza”, afirma o órgão. “Não podemos nos aproximar sem risco da população que precisa de ajuda e nem dos depósitos onde os produtos estão estocados”, acrescentou o escritório da ONU.

O texto adotado pelos líderes da UE também menciona o apoio à realização de “uma conferência internacional de paz rapidamente”. A ideia foi apresentada pelo chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez.

21 dias após o início dos ataques de Israel, dirigentes defendem auxílio aos civis palestinos, mas não descartam direito de autodefesa a israelenses: ‘não há contradição’

Twitter/State of Palestine – MFA

Quase 630.000 civis estão divididos entre 150 abrigos de emergência na Faixa de Gaza

Direito de Israel à autodefesa

Os dirigentes reafirmaram o direito de Israel à autodefesa, depois do ataque mortal do grupo Hamas em território israelense, em 7 de outubro, mas apontaram que ele deve ser exercido “conforme o direito humanitário e internacional”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, comemorou o acordo em uma mensagem na rede X (antigo Twitter). “A unidade é a nossa força”, publicou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltou, durante coletiva de imprensa, que “não há contradição entre mostrar a nossa solidariedade a Israel e agir para responder às necessidades da ajuda humanitária em Gaza”.

Depois do ataque do Hamas, Israel bombardeia sem trégua a Faixa de Gaza. A UE já tinha aprovado um documento manifestando apoio ao direito de Israel à autodefesa, mas respeitando o direito internacional, em especial à proteção dos civis.

Diante da situação dramática em Gaza, os líderes pretendem garantir que os palestinos desta região recebam ajuda humanitária urgente e negociem uma fórmula de “cessar-fogo humanitário”.

Ucrânia na agenda

A reunião não abordou apenas a guerra entre Israel e o Hamas, ou a situação humanitária dramática em Gaza. O encontro também revisou, novamente, a situação na Ucrânia, onde os combates continuam desde o início da ofensiva da Rússia, em fevereiro de 2022.

Na terça-feira (24/10), o chanceler alemão, Olaf Scholz, prometeu que o apoio à Ucrânia “não será afetado de forma alguma pelo fato de, desde as horríveis horas da manhã de 7 de outubro, nos concentrarmos em Israel e no Oriente Médio”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participou por videoconferência de parte da cúpula e agradeceu ao apoio e corroborou os esforços para “prevenir que um incêndio ainda maior se instale no Oriente Médio”.

A agenda da cúpula inclui, ainda, discussões sobre as tensões entre Sérvia e Kosovo, assim como a crise entre Armênia e Azerbaijão e a política migratória comum.