Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A aprovação do Knesset, Parlamento israelense, de uma moção simbólica pela anexação da Cisjordânia  nesta terça-feira (23/07) provocou o repúdio dos governos da Arábia Saudita e da Turquia. Ambos os países classificaram o movimento como um “gesto ilegítimo” que ameaça diretamente os esforços de paz na região e desafia o direito internacional.

Em caráter simbólico, a moção foi aprovada por 71 votos a favor e 13 contra, recebendo apoio tanto de parlamentares da coalizão de direita e extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quanto de membros da oposição.

Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores saudita expressou “a condenação e a denúncia mais veemente do Reino da Arábia Saudita à demanda do Knesset israelense de impor o controle sobre a Cisjordânia ocupada e o Vale do Jordão palestino, o que constitui flagrante violação do direito internacional e das resoluções da ONU”.

Riad acusou Israel de adotar “ações provocativas” que “prejudicam os esforços para alcançar a paz por meio da solução de dois Estados”.

Turquia

Ancara adotou um tom igualmente duro. A chancelaria turca considerou que a resolução votada no parlamento israelense a favor da anexação do território palestino é um “gesto ilegítimo e provocador que visa minar os esforços de paz”.

Ancara reforçou que o ato é “nulo e sem efeito à luz do direito internacional e sem qualquer validade”. O comunicado também destaca que a Cisjordânia “é um território palestino sob ocupação israelita desde 1967”.

O governo turco ainda alerta que “os esforços do governo de Netanyahu para sobreviver através de políticas agressivas e ações ilegais estão a levar, a cada dia, a novas crises e constituem uma séria ameaça à ordem internacional e à segurança regional”, e apela por “medidas vinculativas e dissuasivas sem demora”.

Aprovada pelo Knesset, moção é apontada como entrave à paz na região por governos da Turquia e Arábia Saudita
Beny Shlevich / Wikimedia Commons

‘Ataque direto’

Assim que foi aprovada a moção, o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP) divulgou um comunicado repudiando a decisão israelense.

“Essas medidas coloniais reforçam o sistema de apartheid em nosso território e refletem um flagrante desrespeito às resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e ao parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ)”, afirmou a ANP, que administra o território da Cisjordânia – não a Faixa de Gaza que até o início do atual genocídio, em 7 de outubro de 2023, era controlada pelo Hamas.

Hussein al-Sheikh, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) classificou a moção como “ataque direto aos direitos do povo palestino”. Na plataforma X, ele afirmou que “essas ações unilaterais de Israel violam descaradamente o direito internacional e o atual consenso internacional sobre o status dos territórios palestinos ocupados, incluindo a Cisjordânia”.

Hamas

Em declaração compartilhada no Telegram, o grupo de resistência palestino, Hamas, destacou a moção como inválida, acusando Israel de aprofundar suas “atrocidades na Cisjordânia ocupada”. A votação “é nula e sem efeito, e não mudará a identidade do território palestino”, afirmou.

“Esta medida constitui um desafio às leis e resoluções internacionais e uma extensão das violações generalizadas cometidas pelo governo de ocupação na Cisjordânia ocupada, incluindo roubo de terras e expansão de assentamentos, juntamente com campanhas de assassinatos, prisões e opressão contra nosso povo palestino”, acrescentou.

Resolução da ONU

A ONU, por meio da Resolução 2334 do Conselho de Segurança, reafirma que os assentamentos israelenses construídos em territórios ocupados não possuem validade legal e representam uma violação grave ao direito internacional.

Atualmente, cerca de 500 mil colonos israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia, onde residem três milhões de palestinos. A comunidade internacional reconhece amplamente a região como parte de um futuro Estado palestino.