Soldados israelenses redefinem fronteiras na Cidade de Gaza
Expansão da linha amarela durante ataques na última quarta (19) confunde palestinos e viola termos de cessar-fogo na região
Forças israelenses estenderam em mais de 300 metros a “linha amarela” no leste da cidade de Gaza, durante uma operação realizada sem aviso prévio, nesta quarta-feira (19/11). Tanques israelenses entraram nos bairros orientais de Al-Shaaf, Al-Nazzaz e Bagdá, bloqueando rotas de saída e empurrando os marcadores de concreto para áreas habitadas, informa o Escritório de Imprensa do Governo de Gaza.
A expansão da linha amarela — cujos limites foram estabelecidos no acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos — viola os termos acordados. Segundo testemunhas e fontes locais, soldados israelenses colocaram blocos de concreto e placas amarelas para delimitar a nova fronteira, mas não marcaram toda a fronteira, deixando os moradores incertos sobre sua localização exata.
“Muitos palestinos não sabem sua localização exata”, disse Hind Khoudary. Essa ação deixou dezenas de famílias presas em áreas sob intenso bombardeio. O paradeiro e destino de muitos deles é desconhecido. O Escritório de Imprensa do Governo de Gaza informou que a situação se tornou “mais perigosa com o passar das horas” e que os ataques afetaram gravemente a infraestrutura residencial e o acesso humanitário.
O avanço israelense ocorreu após um ataque mortal na quarta-feira aos bairros de Gaza e Khan Yunis, que deixou 34 mortos, incluindo pelo menos 17 crianças e mulheres. Entre as vítimas estavam uma família inteira — um pai e seus três filhos — e vários casais. Dezenas ficaram feridos, muitos em estado crítico.
O Escritório de Imprensa classificou a expansão da linha amarela de “flagrante violação” do cessar-fogo. Segundo registros, Israel cometeu quase 400 violações desde que o acordo entrou em vigor, matando mais de 300 palestinos e ferindo centenas. “O silêncio dos mediadores e fiadores incentiva Israel a continuar com esses crimes e violações”, disse o escritório em comunicado.

Soldados israelenses redefinem fronteiras na Cidade de Gaza
Agência Wafa
Linha amarela
A linha amarela foi concebida como uma fronteira para reposicionamento militar, não como um território de ocupação. No entanto, desde sua criação, Israel manteve controle sobre mais da metade do território costeiro de Gaza, limitando a movimentação da população civil.
“Com esse último avanço em Shujayea, na Cidade de Gaza, cada vez mais palestinos não conseguem chegar às suas casas. As pessoas dizem que isso é uma gaiola, pois estão sendo empurradas e encurraladas no oeste de Gaza”, disseram moradores de Gaza.
O Escritório de Imprensa alertou que as áreas habitáveis restantes estão constantemente diminuindo, agravando a crise humanitária. Autoridades locais observaram que o exército israelense reposicionou suas forças dentro do território de Gaza, em violação direta ao protocolo humanitário acordado.
Enquanto isso, os Estados Unidos não emitiram declarações públicas sobre o avanço israelense. O Escritório de Imprensa exigiu que o presidente dos EUA, Donald Trump, “cumprisse seu dever” e obrigasse Israel a respeitar o cessar-fogo e os protocolos humanitários. Ele criticou o fato de que os mediadores se concentram exclusivamente em desarmar facções da resistência, ignorando as ações militares de Israel.
O exército israelense não emitiu nenhuma declaração oficial sobre relatos de expansão territorial. No entanto, testemunhos visuais e imagens coletados no terreno confirmam a presença de tanques e tropas em bairros anteriormente habitados, como Shujayea.
O Escritório de Imprensa do Governo de Gaza concluiu que o mundo deve parar de ignorar as ações de Israel. “As consequências humanitárias vão piorar a menos que mediadores intervenham imediatamente”, afirma.























