Sindicatos britânicos pedem intervenção militar da ONU para 'forçar a abertura das fronteiras' em Gaza
Organização pressionam por mudança na política do Reino Unido e criticam interdição da Palestine Action por leis antiterrorismo do país
Sindicatos trabalhistas na Inglaterra pressionam por intervenção militar direta em Gaza. Christina McAnea, líder do maior sindicato britânico, defendeu uma intervenção no estilo de Kosovo para “forçar a abertura das fronteiras” do território palestino e permitir a entrada de ajuda humanitária, com o objetivo de prevenir crimes de guerra. A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Morning Star.
A secretária-geral da Unison declarou, durante o Congresso da TUC na segunda-feira (08/09), que “o tempo da diplomacia acabou”. “Meu sindicato e vários outros são filiados ao Partido Trabalhista. Tentamos pressionar o governo ao máximo para alterar a política oficial em questões verdadeiramente importantes, mas, sinceramente, parece que essa oportunidade já passou”, afirmou McAnea.
“Embora seja crucial que a Palestina seja reconhecida… precisamos de mais do que isso agora. Estamos a assistir a crimes de guerra a serem cometidos diariamente, e é absolutamente repugnante que ainda estejamos à espera de uma resposta diplomática”, reiterou a dirigente sindical, com o apoio de Louise Regan, membro do executivo do Sindicato Nacional de Educação (NEU).
O veículo britânico disse que McAnea comparou a situação aos casos de Darfur e Kosovo. “Precisamos compreender que o tempo da diplomacia se esgotou; é necessária ação direta para impedir estes crimes. E há precedentes — já aconteceu no passado, como em Darfur, na Etiópia e no Kosovo. Houve intervenção direta de países internacionais para interromper massacres”.
A intervenção militar no Kosovo ocorreu em 1999, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) bombardeou a Iugoslávia para deter abusos de direitos humanos, culminando na retirada das forças iugoslavas e na criação da Missão da ONU no Kosovo (UNMIK) e da Força do Kosovo (KFOR). A intervenção, que foi a primeira sem um mandato da ONU, é marcada por controvérsias sobre as causas, o número de vítimas e o seu impacto a longo prazo na região dos Balcãs.
“O que é urgente ver agora na Palestina e em Gaza é uma intervenção direta para garantir ajuda, suprimentos médicos e para acabar com as tentativas ineficazes e dispendiosas de enviar quantidades mínimas de auxílio por via aérea. Existem outras formas de forçar a abertura das fronteiras”, afirmou a líder do maior sindicato do Reino Unido.
Eddie Dempsey, dirigente do sindicato dos transportes, confirmou que membros do RMT tomaram medidas “não oficiais” para impedir o transporte de mercadorias que apoiam o esforço bélico de Israel.

Cidadãos inspecionam a destruição causada pelo bombardeio israelense às tendas dos deslocados na Rua Al-Nasr, a oeste da Cidade de Gaza
WAFA
Questionado frequentemente sobre o seu papel na movimentação de cargas por ferrovia e portos, o secretário-geral respondeu: “O que digo aos meus associados é: não me perguntem, a mim, um dirigente sindical, se querem ação não oficial — avancem. Esta é a minha posição: não sei de nada, pode continuar. E nós agimos assim, e não me importo quem saiba”.
Acrescentou ainda: “Se algum membro do meu sindicato for ameaçado com medidas disciplinares devido à sua consciência — se se recusar a realizar uma ação específica por acreditar que está envolvida na prática de genocídio — a minha organização apoiá-lo-á integralmente.”
“Precisamos responsabilizar a classe política deste país. Lamentamos que esta não seja a posição unânime entre todos os políticos, sindicalistas e pessoas de bem na nação. Eles devem ser responsabilizados pelos seus actos, especialmente aqueles no topo do governo”, declarou Dempsey.
A Sra. Regan, que também é presidente nacional da Campanha de Solidariedade com a Palestina (PSC), afirmou, segundo o The Morning Star: “Está certa; chegamos a um ponto em que a diplomacia não é mais suficiente. Se o nosso governo tivesse agido antes, milhares de palestinianos ainda estariam vivos.”
O secretário-geral do sindicato Public and Commercial Services (PCS), Fran Heathcote, criticou a inclusão da Palestine Action na legislação antiterrorista, afirmando que o governo trabalhista cairá na “ignomínia” por supervisionar o maior número de detenções de manifestantes pacíficos na história do Reino Unido. “Ninguém pode seriamente afirmar que eles são — por qualquer definição razoável — terroristas, ao mesmo nível daqueles que cometem atrocidades”, disse.
Heathcote uniu-se ao líder da Aslef, Mick Whelan, e à secretária-geral do University and College Union (UCU), Jo Grady, para criticar os ministros por receberem o presidente israelita Isaac Herzog em Downing Street esta semana. Paralelamente, Ben Jamal, director da Palestine Solidarity Action, exortou as pessoas a protestarem contra a visita, marcada para esta quinta-feira em Londres.
Shaher Saed, secretário-geral da Federação Geral de Sindicatos da Palestina, acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, de “prostituição política” por sugerir a construção de uma “riviera” em Gaza.
Afirmou: “Esta riviera seria construída sobre a carne e os ossos daqueles que foram mortos e enterrados sob os escombros.”
De acordo com o The Morning Star, o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi contatado para se pronunciar sobre o assunto.























