Clube Hebraica: segurança acusado por quebrar braço de ativista
Entidade de São Paulo reconhece que funcionário puxou bandeira da Palestina que Daniela Rodrigues segurava quando passava em frente ao clube de carro do lado do passageiro
A técnica em enfermagem Daniela Rodrigues da Silva, de 47 anos, disse que teve o braço quebrado quando protestava em favor da Palestina em frente ao Clube Hebraica, em São Paulo, na última terça-feira (30/07).
Com uma bandeira da Palestina, Rodrigues e sua colega Edva Aguilar, de 67 anos, ambas ativistas do Núcleo Palestina do PT-SP e da Frente em Defesa do Povo Palestino São Paulo, estavam no carro com a técnica em enfermagem com o vidro aberto, expondo a bandeira e gritaram “Palestina livre”.
Segundo elas, um homem que estava próximo a uma das portarias da associação puxou o braço de Daniela para fora da janela do carro, movimento que acabou quebrando seu membro superior.
“Estávamos com a janela aberta, com a bandeira da Palestina exposta e gritando ‘Palestina livre’. O cara [agressor] não só arrancou a bandeira da mão dela, mas puxou o braço para trás e fez um movimento absolutamente fora do normal, fora do fisiológico. Quebrou na hora, foi assustador”, relatou Aguilar, que estava no volante, a Opera Mundi.
Opera Mundi entrou em contato com o Clube Hebraica, que, em nota, negou a agressão física, mas confirmou que um segurança de sua equipe puxou a bandeira “por temor de que essa manifestação causasse ainda mais perturbação”: “o que presenciamos foi um carro, trafegando em velocidade reduzida, com seus ocupantes empunhando uma bandeira palestina e gritando palavras de ordem contra o povo judeu, na portaria do clube, em um gesto de evidente provocação”.
A associação disse ainda que o relato dos manifestantes “não é fiel aos fatos”: “em nenhum momento houve qualquer agressão física a quem quer que seja.”

Núcleo Palestina do PT-SP
Registro da radiografia do cotovelo fraturado de Daniela Rodrigues da Silva
Aguilar, que acompanhou a colega ao hospital, disse que Rodrigues foi submetida a uma intervenção cirúrgica devido à fratura em um osso no cotovelo, essencial para a articulação e ligamentos do braço. Ela recebeu alta no início da tarde de quarta-feira (31/07), mas com dois parafusos no braço.
A Opera Mundi, a advogada Maira Pinheiro, que representa Rodrigues, disse ter entrado com uma ação requerendo “todas as imagens” das câmeras de segurança expostas na área externa do Clube Hebraica. A Justiça determinou que isso seja feito dentro de 15 dias.
Para a representante e porta-voz do Núcleo Palestina do PT-SP, Teresinha Pinto, há uma “responsabilidade total” da Hebraica no caso. “A pessoa não sai no meio dos carros e atravessa o trânsito à toa. Foi [um ato] preciso, não quebrou sem querer. Ele virou o braço, sabia muito bem o que estava fazendo, muito bem treinado. Estamos sim responsabilizando a Hebraica”, declarou.
A vítima planejava registrar na tarde desta quinta-feira (01/08) um boletim de ocorrência.
Leia a nota do Clube Hebraica na íntegra:
O relato apresentado ao Opera Mundi não é fiel aos fatos. O que presenciamos foi um carro, trafegando em velocidade reduzida, com seus ocupantes empunhando uma bandeira palestina e gritando palavras de ordem contra o povo judeu, na portaria do clube, em um gesto de evidente provocação.
Um segurança, sem seguir o protocolo do clube, puxou a bandeira da autodeclarada ativista palestina, por temor de que essa manifestação causasse ainda mais perturbação no local. Em nenhum momento houve qualquer agressão física a quem quer que seja. O carro seguiu seu rumo, voltando depois à frente do clube com seus ocupantes gritando novas palavras de ordem.
A Hebraica reconhece o direito à manifestação. Mas como instituição cujas finalidades se resumem às práticas esportivas e culturais da comunidade judaica de São Paulo, não vê outro sentido em um gesto como esse que não o desrespeito aos valores que sempre pautaram a postura do clube e seus associados.























