Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Segundo o relatório mensal “Violações da Ocupação e Medidas de Expansão Colonial” da Comissão de Colonização e Resistência ao Muro (CRRC) da Autoridade Palestina, as forças israelenses e os colonos realizaram 2.350 ataques na Cisjordânia ocupada no mês de outubro — mesmo período em que foi assinado o acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel —, em um “ciclo contínuo de terror”, afirmou o chefe Mu’ayyad Sha’ban nesta quarta-feira (05/11).

A pesquisa registrou 1.584 agressões (incluindo violações físicas diretas, demolição de casas e arrancar oliveiras), concentrado principalmente nas províncias de Ramallah (542), Nablus (412) e Hebron (401). Também foi apontado 766 ataques por parte de colonos.

A comissão afirmou que eles estão expandindo os assentamentos, que são ilegais segundo o direito internacional, como parte do que chamou de “estratégia organizada que visa deslocar os povos indígenas da região e impor um regime colonial totalmente racista”.

O relatório também mostrou que os ataques de colonos atingiram um novo pico, com os maiores números registrados nas províncias de Ramallah (195), Nablus (179) e Hebron (126). Os apanhadores de azeitonas foram os mais afetados pelos ataques, segundo o relatório, que os descreveu como vítimas de “terrorismo de Estado” orquestrado nos bastidores do governo de ocupação.

O documento descrevia casos de “vandalismo e roubo” por parte dos colonos, realizados com soldados israelenses, que resultaram no “arrancamento, destruição e envenenamento” de 1.200 oliveiras em Hebron, Ramallah, Tubas, Qalqilya, Nablus e Belém. Durante a onda de violência, colonos tentaram estabelecer sete novos postos avançados em terras palestinas desde outubro, nos governos de Hebron e Nablus.

O aumento da violência israelense ocorre em meio à expectativa de que o Conselho Superior de Planejamento (CSP) de Israel, parte da Administração Civil do exército israelense que supervisiona a Cisjordânia ocupada, se reunirá nesta quarta-feira para discutir a construção de 1.985 novas unidades habitacionais em assentamentos ilegais na Cisjordânia.

O movimento israelense de esquerda Paz Agora afirmou que 1.288 dessas unidades seriam instaladas em dois assentamentos isolados no norte da Cisjordânia, Avnei Hefetz e Einav Plan. Segundo o comunicado, as reuniões semanais estavam sendo realizadas desde novembro do ano passado para avançar com projetos habitacionais nos assentamentos, normalizando e acelerando assim a construção em terras tomadas dos palestinos.

A posição do governo dos Estados Unidos tem sido enfática sobre ser contra a anexação israelense da Cisjordânia. Entretanto, Washington não fez nada para conter os ataques contra os palestinos no território ocupado ilegalmente.

Colonizadores realizaram um total de 2.350 ataques durante o mês de outubro, em um ciclo contínuo de terror perpetuado pelo Estado de ocupação contra o povo palestino, suas terras e propriedades

Colonizadores realizaram um total de 2.350 ataques durante o mês de outubro, em um ciclo contínuo de terror perpetuado pelo Estado de ocupação contra o povo palestino, suas terras e propriedades
Comissão de Colonização e Resistência a Muros

Agressão israelense continua

Dois trabalhadores palestinos ficaram feridos nesta quarta-feira (05/11) após serem brutalmente agredidos por forças israelenses na cidade de al-Ram, ao norte de Jerusalém ocupada. Fontes de segurança disseram à WAFA que os trabalhadores, ambos da província de Qalqilya, foram atacados durante uma incursão militar israelense em al-Ram e, enquanto soldados os perseguiam perto do muro da separação.

Os dois trabalhadores foram posteriormente transferidos para o Complexo Médico da Palestina para receberem tratamento médico.

O ativista de mídia Mohammed Awad declarou que as forças de ocupação israelenses (IOF, na sigla em inglês) lançaram uma campanha de detenções em larga escala, visando dezenas de palestinos, a maioria ex-prisioneiros. Dezenas de civis foram agredidos, interrogados e detidos na cidade de Beit Ummar, província de Hebron, no sul da Cisjordânia.

Soldados sionistas invadiram casas, saqueando-as e danificando portas, pertences e móveis. Os detidos foram reunidos no pátio da Escola Secundária Beit Ummar, onde foram espancados e submetidos a abusos verbais. Os militares também distribuíram panfletos de advertência aos moradores.

Além disso, as forças israelenses invadiram a cidade de Dura e revistaram a casa do secretário do Fatah, Nader Azmi Abu Hleil. Uma unidade de engenharia de explosivos marcou o interior da casa e saqueou seu conteúdo.

A IOF instalou vários postos de controle militar nas entradas de Hebron, suas cidades, vilas e acampamentos, e fecharam diversas estradas principais e secundárias com portões de ferro, blocos de concreto e barreiras de terra.

De acordo com autoridades locais, as forças israelenses demoliram dois sítios agrícolas palestinos na Cisjordânia ocupada, destruindo uma granja avícola e matando milhares de galinhas. Na vila de Umm al-Rihan, a oeste de Jenin, soldados israelenses invadiram uma granja avícola, eletrocutando 7.000 galinhas poedeiras e demolindo a estrutura de 1.000 metros quadrados (10.765 pés quadrados).

O dono da fazenda estimou suas perdas em mais de 500.000 shekels (R$ 825.627,48). O chefe do conselho da aldeia disse que veículos militares e uma escavadeira realizaram a incursão atrás do muro de separação perto de Ya’bad.

Em Wadi Fukin, a oeste de Belém, soldados demoliram um cômodo agrícola pertencente a um fazendeiro local, alegando que a construção não possuía alvará.

Os colonos também incendiaram uma caravana e um curral de ovelhas na aldeia de Majdal Bani Fadil, ao sul de Nablus, destruindo completamente as estruturas. O chefe do conselho da aldeia de Majdal Bani Fadil, Rami Nassar, afirmou à WAFA que eles invadiram a parte sul da aldeia e queimaram uma caravana e um curral de ovelhas pertencentes ao cidadão Izz Muhammad Abdul Rahman.

Os incidentes ocorrem após a divulgação de imagens no início desta semana, que mostram colonos israelenses atacando um povoado palestino nas colinas do sul de Hebron e abatendo ovelhas pertencentes a moradores palestinos.