Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os reitores de cinco grandes universidades israelenses enviaram uma carta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pedindo que resolva a crise de fome em Gaza. Foi solicitado, nesta segunda-feira (28/07), que o chanceler de Israel instruísse os militares e outras forças de segurança a “intensificar seus esforços, independentemente da pesada responsabilidade do Hamas e de outros fatores, para resolver o terrível problema da fome que prevalece em Gaza, que afeta gravemente pessoas inocentes, incluindo crianças e bebês”.

O documento foi assinado pelos diretores da Universidade de Tel Aviv, da Universidade Hebraica de Jerusalém, do Instituto Weizmann de Ciências, do Instituto de Tecnologia de Israel e da Universidade Aberta de Israel.

“Libertar os reféns e minimizar os danos aos nossos soldados são objetivos primordiais, mas, como nação vítima do horrível Holocausto na Europa, também temos o dever especial de agir com todos os meios à nossa disposição para prevenir e nos abster de causar danos cruéis e indiscriminados a homens, mulheres e crianças inocentes”, disseram os reitores.

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Além disso, expressaram consternação com as declarações de ministros e parlamentares israelenses que “encorajam a destruição deliberada da Faixa de Gaza e o deslocamento de civis”.

“Este é um chamado claramente imoral para realizar atos que, na opinião de juristas de alto escalão em Israel e ao redor do mundo, constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, denunciaram, de acordo com a agência de notícias chinesa Xinhua.

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IRNA / Fotos Públicas

Resposta de Israel

Por sua vez, o ministro da Educação de Israel, Yoav Kisch, respondeu os reitores após a carta ser encaminhada ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia. A autoridade israelense condenou os líderes universitários por “escolherem ficar do lado do Tribunal Internacional de Justiça em Haia” que, de acordo com ele, “busca se juntar à campanha do Hamas para destruir Israel”.

Kisch rejeitou a alegação de que Israel estava “matando de fome” a população de Gaza.

“O Estado de Israel está lutando contra uma organização terrorista brutal com a participação de colaboradores civis, ao mesmo tempo em que garante a entrada de ajuda humanitária que os terroristas muitas vezes tomam para si próprios”, disse, retomando o argumento recorrentemente dado pelo regime sionista para justificar o massacre dos palestinos. O ministro ainda solicitou que os reitores retirassem a carta.

Em contrapartida, o Ministério da Saúde de Gaza havia informado na segunda-feira (28/07) o registro de pelo menos 147 assassinatos por fome – incluindo 88 crianças vitimadas. No mesmo dia, as organizações B’Tselem e Médicos para os Direitos Humanos (PHRI, na sigla em inglês), grupos de direitos humanos que atuam em Israel há décadas, lançaram comunicados exigindo que o governo de Netanyahu “pare esse crime imediatamente”.

Depois que a comunidade internacional passou a protestar contra a fome generalizada em Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “recalibrou sua posição”, conforme descreveu a emissora catari Al Jazeera, classificando a situação humanitária no enclave de “terrível” e destacando que Israel tem “grande responsabilidade pelo fluxo de ajudas”.

Horas antes, o premiê israelense Benjamin Netanyahu havia alegado que “não há fome” e “nenhuma política de fome” no enclave, ignorando relatos e o número crescente de mortes registradas por uma desnutrição decorrente do bloqueio promovido pelo regime sionista há meses.