Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em meio à repressão sistêmica do governo do Reino Unido, ativistas pró-Palestina do grupo Stop the War (Parem a Guerra, em português) convocam Londres para uma mobilização massiva em apoio à Faixa de Gaza no próximo sábado (11/10).

Nesta segunda-feira (06/10), o grupo estendeu uma faixa em Westminster, região nas proximidades do Palácio de Buckingham, residência da família real britânica, anunciando o protesto e incentivando todos à “maior marcha pró-Palestina até agora!”

“Ajude-nos a construir outra mobilização massiva de apoio a Gaza e a defender o nosso direito de protestar”, declararam os ativistas por meio da rede social X.

O apelo ao direito à manifestação ocorre na esteira do crescente autoritarismo da polícia britânica contra as marchas pró-Palestina. Segundo o jornal regional Morning Star, as forças locais receberam do governo “novos poderes para reprimir protestos”.

Os manifestantes defendem seu direito de marchar após cerca de 500 pessoas terem sido presas, no último sábado (04/10), no centro de Londres durante um protesto pacífico apoiado pelo grupo Palestine Action.

Segundo o Morning Star, o governo do primeiro-ministro Keir Starmer atua para alterar o Public Order Act 1986 (Lei de Ordem Pública), em especial as seções 12 e 14, de modo que a polícia imponha condições e controle marchas e protestos.

“Com as mudanças, a polícia poderá instruir os organizadores a realizar protestos em outros lugares caso um local tenha sido palco de manifestações repetidas”, explica o periódico.

A Secretária do Interior do Reino Unido, Shabana Mahmood, declarou no último domingo (05/10) que o protesto é um direito fundamental, mas que “esse direito não deve ser usado para intimidar ou espalhar medo entre as comunidades”, alegando que a comunidade judaica britânica “pode sentir-se insegura”.

E por isso concederá “às forças policiais novos poderes para impor condições a protestos repetidos”. Atualmente, proibições de protestos no Reino Unido só ocorrem quando há risco de “grave perturbação pública”.

Segundo organização pró-Palestina, governo britânico está usando ataque contra sinagoga em Manchester como justificativa para reprimir marchas
Stop the War/X

O codiretor executivo do Greenpeace do Reino Unido, Will McCallum, criticou a medida do governo britânico, justificando que os protestos funcionam justamente “porque são repetitivos”.

“Se a polícia tivesse dito às sufragistas ou aos ativistas dos direitos civis ‘vocês já mostraram o que queriam’, eles nunca teriam conquistado as vitórias que todos nós desfrutamos hoje”, disse ao Morning Star.

McCallum ainda exigiu a retirada da medida, classificando-a como “um passo perigoso em direção ao autoritarismo”.

A onda de repressão a ativistas pró-Palestina no Reino Unido, incluindo as prisões dos ativistas no sábado, ocorre após um ataque contra uma sinagoga no distrito de Crumpsall, em Manchester.

O atropelamento seguido de um ataque deixou ao menos três mortos, incluindo o agressor, que foi baleado pela polícia na última quinta-feira (02/10), segundo as autoridades locais.

O governo britânico exigiu que a marcha de sábado fosse suspensa mediante o atentado, mas os ativistas rejeitaram o pedido e os ativistas foram às ruas. A organização condenou o ataque à sinagoga de Manchester, e demais atentados contra a comunidade judaica no Reino Unido.

Contudo, rejeitou “de todo o coração a insinuação de que as marchas pacíficas sejam de alguma forma responsáveis” pela violência.

Segundo a organização, Mahmood e Stamer estão usando o ataque como justificativa para reprimir as marchas pró-Palestina.

“O Stop the War nunca confundiu as ações ilegais de Israel com a comunidade judaica britânica e continuará a se opor veementemente a qualquer tentativa de fazê-lo.”

Após a prisão dos manifestantes, a ativista judia Zoe Cohen criticou a repressão da polícia britânica e denunciou que as autoridades “poderiam ter escolhido priorizar a proteção de comunidades e locais de culto hoje em vez de prender manifestantes pacíficos”.