Reino Unido aciona lei antiterrorismo e prende 890 pessoas em protestos pró-Palestina
Governo britânico reprimiu ato em frente ao Parlamento britânico que repudiavam o genocídio cometido por Israel em Gaza
A Polícia Metropolitana de Londres reconheceu, em comunicado publicado neste domingo (07/09), que prendeu um total de 890 pessoas durante ato pró-Palestina realizados em Londres no dia anterior.
A nota também esclarece que a ação foi respaldada por medida adotada pelo governo britânico, que acionou a Lei Antiterrorista durante a jornada, alegando que o evento teria sido infiltrado pelo movimento Palestine Action (“Ação Palestina”), considerado como um “grupo terrorista” pelo governo local.
A declaração gerou controvérsia porque a convocação e organização do evento foi assumida oficialmente por outro coletivo, chamado Defend Our Juries (“Defenda Nossos Júris”), que afirma lutar pela liberdade de expressão do Palestine Action contra o que considera “afã de censura” do governo britânico.
Segundo a instituição policial da capital britânica, ao menos 857 das pessoas presas teriam sido identificadas como membros do Palestine Action, segundo informações colhidas em suas redes sociais, e outras 33 foram presas por supostas agressões a policiais durante o ato.
Em uma publicação nas redes sociais, o Defend Our Juries usou o caso de um senhor deficiente visual chamado Mike Higgins, que teria sido um dos presos pela polícia a partir do acionamento da Lei Antiterrorista, sob a acusação de envolvimento com o Palestine Action.
A postagem traz um vídeo no qual Higgins diz que “não temos escolha a não ser protestar nas ruas por nossos direitos à liberdade de ação e expressão e nos engajar em desobediência civil pacífica para interromper o comércio de armas. Mas também temos o dever de nos opor ao genocídio e de alertar o governo por não fazer nada para impedi-lo”.
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“Continuamos vendendo armas para Israel, permitindo que Israel negocie de diversas maneiras, em vez de congelar seus ativos. Acredito que não temos escolha a não ser estar aqui para defender nosso direito à liberdade de expressão. Mas, mais importante, na minha opinião, ainda mais importante do que isso, e isso é vital, é acabar com o genocídio na Palestina o mais rápido possível”, completou o manifestante.
A foto de Higgins com um cartaz afirmando seu apoio ao Palestine Action e seu repúdio ao genocídio cometido por Israel contra os palestinos residentes em Gaza foi usada na postagem para convocar um novo ato em favor do coletivo pró-Palestina, marcado para outubro.
Mike Higgins explains how he believes we have “no choice other than to protest” to defend our rights and to oppose UK complicity in Israel’s genocide.
Mike, who is blind and wheelchair bound, was arrested after around 10hours in Parliament Square yesterday. pic.twitter.com/jBtf8VPyWS
— Defend Our Juries (@DefendourJuries) September 7, 2025
“Junte-se a outros como Mike em outubro, enquanto continuamos a pedir ao governo que suspenda a proibição e acabe com a cumplicidade no genocídio”, diz o texto da publicação.
Medida governamental
A decisão de declarar o Palestine Action como um grupo terrorista foi oficializada em julho deste ano e tem causado polêmica no Reino Unido.
Advogados ligados ao coletivo contestaram a proibição na Justiça e obtiveram um liminar da Suprema Corte que, ao menos teoricamente, permitia a realização do ato deste sábado, enquanto o caso continua sendo avaliado pela máxima instância do Poder Judiciário britânico – a próxima audiência sobre o tema está marcada para 25 de setembro.























