‘Reconhecimento da Palestina proposto por europeus é uma farsa’, afirma analista belga
Em seminário na Venezuela sobre ‘Holocausto do século XXI’, socióloga Ermelinde Malcotte afirmou que Ocidente oferece aos palestinos 'liberdade submetida a interesses próprios’
O Seminário Internacional “Um novo holocausto no século XXI – O sionismo ameaça o mundo” iniciou sua segunda jornada nesta sexta-feira (14/06) com um painel sobre a questão do Direito Internacional no contexto do massacre promovido por Israel contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza. O evento contou, em seu primeiro dia, com a participação do jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi.
A primeira palestrante a se apresentar foi a analista internacional belga Ermelinde Malcotte, que abordou as contradições jurídicas e políticas das propostas oferecidas pelos países do Ocidente para o reconhecimento do Estado da Palestina, além de defender a tese de que “a União Europeia e os países europeus utilizam a estratégia de defender dois estados para controlar a Palestina e eliminar qualquer forma liberação do povo palestino”.
Nesse sentido, a convidada questionou se os países do Ocidente “estão a favor de dois Estados e de uma Palestina livre do rio ao mar? Que Palestina é possível nesse cenário? A Palestina da resistência ou a submetida às forças de segurança de Israel? É possível conviver com um Estado que se orgulha de atuar para ser ‘o maior possível e o mais homogêneo possível’, como dizia (o ex-premiê israelense) Ben Gurion, em uma frase que já demonstra como o Estado israelense se declara como colonialista e genocida?”.
“Quando se fala em reconhecimento da Palestina, é preciso ter claro se estamos falando de uma Palestina realmente livre ou de uma farsa, uma caricatura de autodeterminição submetida aos interesses das elites políticas ocidentais”, completou a analista belga.
Ermelinde também enfatizou que Israel promove uma estratégia de “solução final” contra o povo palestino, e frisou que “a resistência palestina não luta apenas pela liberação, mas também pela sobrevivência do seu próprio povo contra um projeto de eliminação”.

Reprodução de vídeo
Seminário na Venezuela abordou questões jurídicas sobre o massacre de Israel aos palestinos
Críticas à CIJ
A segunda participante do painel foi a jurista venezuelana Olga Álvarez, especialista em Direito Internacional, que analisou as decisões anunciadas até agora pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) e pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Estado de Israel e seu premiê, Benjamin Netanyahu.
A convidada iniciou sua palestra ressaltando “a forma como o Ocidente tenta transformar em argumento jurídico a necessidade de se condenar qualquer exercício de resistência palestina. Dessa forma, quando se acusa Israel, como está fazendo a África do Sul, no processo que tramita na CIJ, (o Ocidente) tenta desviar o debate com a exigência de repúdio aos ataques do Hamas contra Israel, ignorando que existe o direito fundamental à resistência e à legítima defesa”.
Em seguida, Olga fez uma forte crítica à CIJ, cujas decisões, segundo ela, “são bastante mornas”. Entre os exemplos para tal declaração, estariam “o fato de que a adoção de um cessar-fogo não foi determinada (pela CIJ) como uma medida urgente, muito menos a desocupação imediata do território palestino”.
“No entanto, houve sim exigências contra o Hamas, para a libertação de reféns, às vezes em decisões simultâneas àquelas que relativizaram os crimes de guerra de Israel ou somente pediam ao governo de Tel Aviv que enviassem informes sobre o que estava sendo cometido em Gaza, ignorando as provas já apresentadas pela África do Sul”, acrescentou a jurista.























