Protesto massivo em Tel Aviv pressiona Netanyahu a parar genocídio em Gaza
Mais de 100 mil manifestantes saíram às ruas de Israel um dia após governo anunciar plano que prevê ocupar Cidade de Gaza
Milhares de manifestantes foram às ruas, neste sábado (09/08), em Tel Aviv para pedir o fim do genocídio na Faixa de Gaza, um dia após o anúncio do plano israelense para a conquista da Cidade de Gaza, a maior do território palestino. O Brasil declarou que “deplora” o plano de Israel, uma decisão que, na opinião de Brasília, deve “agravar a catastrófica situação humanitária” no território palestino.
Após 22 meses de genocídio, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma pressão muito forte em Israel e no exterior para encerrar sua ofensiva em Gaza, onde mais de 2 milhões de palestinos estão ameaçados de “fome generalizada”, segundo a ONU.
Os manifestantes exibiram cartazes e fotos dos reféns ainda mantidos cativos no território palestino e instaram o governo a conseguir sua libertação.
Jornalistas da AFP presentes no local calcularam que o número de manifestantes era de dezenas de milhares, e o Fórum das Famílias dos Reféns registrou 100 mil participantes.
As autoridades não forneceram uma estimativa oficial, mas este ato superou em tamanho outros protestos recentes contra a guerra.
“Terminaremos com uma mensagem direta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: se você invadir partes de Gaza e os reféns forem assassinados, nós iremos atrás de você nas praças das cidades, nos comícios eleitorais, o tempo todo e em todos os lugares”, declarou à AFP Shahar Mor Zahiro, familiar de um refém morto.

Mais de 100 mil manifestantes em frente ao quartel-general das Forças de Defesa de Israel, em Tel Aviv, protestam contra plano de ocupação de Netanyahu
X/Hamza
Plano questionado
O gabinete de segurança de Netanyahu aprovou na sexta-feira ()08/08 um plano para tomar o controle da Cidade de Gaza, o que desencadeou uma onda de condenações internacionais e locais.
De acordo com o plano, o exército “se prepara para tomar o controle da Cidade de Gaza”, localidade em grande parte destruída no norte do território, “ao mesmo tempo que distribui ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”.
Potências estrangeiras, incluindo aliados de Israel, pressionaram por um cessar-fogo para garantir a devolução dos reféns e aliviar a crise humanitária na Faixa.
“O governo brasileiro deplora a decisão do governo israelense de expandir as operações militares na Faixa de Gaza, incluindo nova incursão à Cidade de Gaza, medida que deverá agravar a catastrófica situação humanitária da população civil palestina”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pediu “a retirada completa e imediata das tropas israelenses” de Gaza e reiterou a urgência de um “cessar-fogo permanente, da libertação de todos os reféns e da entrada desimpedida de ajuda humanitária”.
Netanyahu não cede
Mas Netanyahu permanece firme em seu plano apesar da rejeição dentro e fora do país. O líder israelense publicou na noite de sexta-feira nas redes sociais: “não vamos ocupar Gaza, vamos liberar Gaza do Hamas”.
O Hamas, que mantém 49 reféns, dos quais 27 são presumidos mortos, afirmou na sexta-feira que a decisão israelense de ocupar a Cidade de Gaza significa o “sacrifício” desses reféns, sequestrados na resposta do movimento islamista palestino contra Israel em 7 de outubro de 2023.
As famílias dos reféns e os ativistas israelenses favoráveis à paz com os palestinos exigem um cessar-fogo com o Hamas para obter a libertação dos últimos cativos.
Netanyahu enfrentou numerosos protestos ao longo dos 22 meses de guerra, muitas vezes com manifestantes pedindo ao governo que alcance um acordo para permitir a troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Após o anúncio do plano na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU realizará no domingo às 10h (11h no horário de Brasília) uma reunião de emergência sobre a Faixa de Gaza, segundo várias fontes diplomáticas.























