Professor titular da Unicamp defende rompimento de acordo com instituto de pesquisa israelense
Conselho Universitário se reúne em 6 de agosto para deliberar sobre acordo; em artigo, Francisco Foot Hardmann diz que Unicamp não pode emprestar seu nome para a ‘indústria da morte’
O professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Francisco Foot Hardman, publicou um artigo neste sábado (13/07) no qual denuncia a instituição educacional por firmar um convênio de cooperação acadêmica com o Instituto de Tecnologia de Israel (TECHNION), sediado na cidade israelense de Haifa, na data referente a 24 de agosto de 2023.
O docente, que integra o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), argumenta que, ao produzir tecnologia militar de ponta, a TECHNION participa “ativa e estrategicamente” dos contínuos ataques conduzidos pelo atual governo israelense contra a população palestina, intensificados desde 7 de outubro de 2023. Nesse sentido, apela à universidade pelo rompimento do acordo.
“Nenhum pretexto tecnológico-científico pode justificar que a Unicamp seja parceira, real ou simbólica, de tamanha barbárie contemporânea. Por isso nossa insistência para que, no que depender da vontade manifesta da nossa Universidade, digamos não à guerra, o que equivale a dizer, nos limites de nossas funções: não à TECHNION!”, escreveu Hardman.
Em seu texto, o professor também menciona Antonio José de Almeida Meirelles e a Maria Luiza Moretti, respectivamente, reitor e vice-reitora da Unicamp, para reforçar a necessidade de “consciência humanitária”.
Em 6 de agosto, o Conselho Universitário (CONSU) do instituto terá uma reunião na qual precisará deliberar sobre a cooperação acadêmica em questão, cuja gravidade e urgência, segundo o docente, demandam “comprometimento na reafirmação dos valores pedagógicos, morais e humanitários que justificam nosso trabalho e vocação como universidade pública”. Hardman ressalta que a Unicamp não deve “emprestar” seu nome a uma “indústria de morte”.
“Não estamos clamando por nenhuma guerra. Apenas reivindicando ao CONSU para sustar as atuais relações perigosas da Unicamp com uma das instituições empenhadas nesse massacre. É o mínimo que podemos fazer em meio a tanta dor. Que façamos, pois!”, conclui.

Reprodução/Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
Professor titular da Unicamp, Francisco Foot Hardman, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)
Docentes contra acordo acadêmico
Em maio, mais de 100 funcionários e professores da Unicamp já haviam assinado uma carta aberta pressionando o Conselho Universitário para que suspendesse imediatamente o acordo acadêmico firmado com a TECHNION.
O documento escancarava a contradição de uma universidade “que defende valores democráticos, críticos e humanistas” cooperar com uma entidade conivente ao regime de apartheid israelense e política de genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza.
“Vimos solicitar ao CONSU que a Universidade Estadual de Campinas suspenda o acordo com TECHNION, um Instituto de Tecnologia que, política e intelectualmente, tem elevada responsabilidade pela tragédia humanitária denunciada por entidades de direitos humanos, por renomados intelectuais/acadêmicos e que, hoje, tem levado às ruas milhões de manifestantes em todo o mundo a fim de se solidarizarem com o povo palestino”, diz a carta.
























