Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, fez duras críticas à postura da União Europeia diante da guerra em Gaza ao jornal britânico Guardian nesta quarta-feira (03/09). “É um fracasso. Absolutamente”, afirmou, ao mencionar a divisão interna dentro da União Europeia sobre como lidar com Israel.

“Não é aceitável e não podemos sustentar isso por mais tempo se quisermos aumentar nossa credibilidade quando se trata de outras crises, como a que enfrentamos na Ucrânia”, salientou. Ele afirmou que embora as raízes dessas guerras sejam distintas, o mundo olha a UE e questiona: ‘por que vocês estão fazendo padrões duplos quando se trata da Ucrânia e quando se trata de Gaza?’

Primeiro líder europeu de peso a acusar Israel de genocídio em Gaza, Sánchez disse estar satisfeito por ver outros países reconhecerem o Estado palestino, mas destacou que a reação do bloco europeu continua insuficiente. “O que estamos testemunhando em Gaza é talvez um dos episódios mais sombrios das relações internacionais do século 21″.

Ele mencionou que a Espanha vem vocalizando suas críticas dentro e fora do bloco. “O que fizemos até agora foi defender a suspensão da parceria estratégica que a UE tem com Israel“, afirmou, ao defender a necessidade de medidas concretas contra Tel Aviv, “Precisamos de solidariedade e consistência”, sintetizou.

A entrevista ao jornal britânico aconteceu em Londres, onde Sanchez se reúne com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, nesta quarta-feira (03/09).

Premiê espanhol critica resposta da Europa à guerra em Gaza: “é um fracasso’
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Críticas a Trump

O líder socialista também disse que os EUA sob Donald Trump estavam tentando acabar com a ordem global baseada em regras pós-Segunda Guerra Mundial que havia criado originalmente.

O primeiro-ministro espanhol também direcionou críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A realidade mais chocante é que o principal arquiteto da ordem internacional – que foram os EUA depois da Segunda Guerra – agora está enfraquecendo essa ordem. Isso não será positivo para a sociedade americana, nem para o resto do mundo, especialmente para os países ocidentais”, avaliou.

Ele afirmou que o país é um parceiro confiável na Otan e quer manter a melhor relação com os EUA, mas que discorda em pontos essenciais como a saída do Acordo de Paris e a redução das contribuições a programas de ajuda e à Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nossos desafios são globais, não entendem de fronteiras, e precisamos fortalecer a cooperação e a colaboração”, afirmou.

Sanchéz também falou sobre as denúncias de corrupção contra o seu governo, acusando parte do Judiciário de agir politicamente. “A grande maioria dos juízes na Espanha cumpre suas obrigações e faz seu trabalho. Mas há alguns que estão fazendo política, e isso é uma realidade que enfrentamos não apenas na Espanha, mas em outras democracias – especialmente contra governos progressistas”, disse.

“Esses escândalos foram muito difíceis de aceitar, mas o projeto político é mais amplo. A direção que escolhemos há sete anos é a correta e está dando resultados. A oposição não oferece alternativa, apenas regressão. O que vemos na Espanha é o colapso político da direita tradicional, que não só perdeu substância como também estilo, porque passou a copiar a extrema direita”, concluiu.