Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião do Gabinete de Segurança para a noite desta quinta-feira (07/08) com o objetivo de discutir a possibilidade de uma ocupação total da Faixa de Gaza. A proposta vem sendo condenada dentro e fora do país.

O plano prevê o envio de tropas terrestres para cerca de 25% do território ainda não devastado pelos bombardeios e onde parte dos 2 milhões de palestino encontra-se refugiada. De acordo com o Canal 12 de Israel, o plano seria executado em duas fases, com foco inicial na tomada da Cidade de Gaza e a evacuação de cerca de um milhão de pessoas.

Agências humanitárias já alertaram que a operação pode causar milhares de mortes e novos deslocamentos em massa. Nesta quinta-feira, em entrevista ao Times of Israel, o embaixador britânico em Israel, Simon Walters,  afirmou que “estender a guerra ainda mais simplesmente levará a mais mortes – mortes de soldados, mortes de palestinos e, provavelmente, mortes de reféns”, afirmou.

Al Jazeera destaca que o chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, também é contra a proposta. Ele alertou para o risco de Israel ser arrastado para um “buraco negro” de insurgência, responsabilidades humanitárias e risco elevado aos reféns ainda sob controle do Hamas.

Nesta manhã, ao The Times of Israel, Zamir minimizou as divergências entre os escalões político e militar do país, mas afirmou que será contra a proposta. “Continuaremos a expressar nossas posições sem medo, de maneira substantiva, independente e profissional”, destacou.

O ex-chefe da inteligência militar Amos Yadlin também se posicionou. Ao jornal Maariv, ele afirmou que uma ocupação total exigiria recursos astronômicos e colocaria em risco os reféns. “Estamos falando de dois milhões de pessoas, com casas destruídas, sem hospitais ou escolas. A responsabilidade recairá sobre nós”, alertou.

Plano de ‘ocupação total’ de Gaza é condenado dentro e fora de Israel
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Familiares dos reféns

Familiares dos reféns em Gaza também se manifestaram contra a ofensiva. Nesta quinta-feira, em protesto, um grupo de 20 familiares de prisioneiros israelenses lançou uma flotilha em direção à fronteira marítima da Faixa de Gaza, clamando pelo retorno de seus entes queridos e exigindo o fim da guerra.

O jornal Israel Hayom informa que o protesto não deve se aproximar demasiadamente da costa do enclave palestino. A correspondente Hoda Abdel-Hamid, da Al Jazeera, o descreveu como um “movimento desesperado de famílias que estão preocupadas com o destino de seus entes queridos”. Além de um apelo emocional, a ação “é uma mensagem ao governo de que o tempo está se esgotando e que a vida de seus entes queridos deve ser uma prioridade”, afirmou.

Nas redes sociais, Einav Zangauker, mãe do prisioneiro Matan Zangauker, também fez um apelo aos israelenses para que protestem contra o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de expandir as operações militares em Gaza. Em uma declaração na plataforma X, ela acusou o governo de colocar em risco a vida dos reféns restantes.

“Netanyahu e seu gabinete estão prestes a condenar Matan, meu filho, e todos os reféns vivos à morte por fome e tormento”, disse ela. “Essa loucura deve ser interrompida!” Zangauker pediu que a população se mobilize e vá às ruas: “este é o seu momento, o povo, de sair de suas casas e salvar nosso futuro! Venha lutar conosco, pela vida, pelo Estado de Israel, pelo futuro de todos nós.”