Sábado, 6 de dezembro de 2025
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“Estamos aqui não apenas para deliberar, mas para agir com clareza jurídica, ética e política diante de um dos desafios morais mais graves do nosso tempo: o sofrimento do povo palestino. O Direito Internacional Humanitário deve ser princípio e ação, não retórica vazia”.

Com esta mensagem, a chanceler da Colômbia, Rosa Villavicencio, abriu nesta terça-feira (15/07) a reunião do Grupo de Haia em Bogotá. O encontro, que reúne representantes de mais de 30 países, busca articular ações jurídicas e políticas contra os crimes cometidos no território palestino.

Villavicencio destacou que a situação na Faixa de Gaza “não é uma tragédia acidental, mas um regime de ocupação e exclusão” imposto por Israel. E afirmou que a reunião, copresidida pela Colômbia e pela África do Sul, marca uma resposta do Sul Global às violações do direito internacional.

“Esta conferência, copresidida com a África do Sul, demonstra que os governos do Sul Global não aceitamos que o direito seja refém da geopolítica. O que ocorre em Palestina não é uma tragédia acidental, mas um regime de ocupação e exclusão”, afirmou.

“Direito Internacional Humanitário deve ser princípio e ação, não retórica vazia”, afirma chanceler Rosa Villavicencio
Reprodução / @CancilleriaCol

A chanceler interina explicou que a reunião de dois dias vai além de simples debates. “Será para atuar com clareza jurídica, ética e política diante de um dos desafios morais mais graves de nosso tempo: o sofrimento do povo palestino”, declarou.

Ela lembrou que seu país reconheceu o Estado da Palestina em 2018 e rompeu relações com Israel em 2024 após o uso desproporcional da força contra civis. “A Colômbia se pronunciou sem ambiguidades: o que ocorre em Gaza é um genocídio. O direito internacional humanitário deve ser princípio e ação, não retórica vazia”, afirmou.

Para além das condenações simbólicas

Segundo Villavicencio, a cúpula de Bogotá tem como meta ir além das condenações simbólicas e construir instrumentos práticos de pressão. “Queremos apoiar as investigações da Corte Penal Internacional, exigir o cumprimento das decisões da Corte Internacional de Justiça, propor sanções específicas e mobilizar todos os instrumentos do direito internacional existentes”, disse.

A ministra ressaltou que a iniciativa não está isolada e que o objetivo é consolidar uma rede global de Estados comprometidos com a legalidade. “Não estamos sós. Esta rede de Estados quer defender a legalidade internacional, mesmo quando incomode. Não é um conflito religioso, é um dilema entre justiça e impunidade. Hoje, desde Bogotá, reafirmamos: Palestina não está sozinha. Que esta reunião marque o início de uma ação conjunta, firme e transformadora”, declarou.

O evento de dois dias se encerra nesta quarta-feira (16/07) com a presença do presidente colombiano, Gustavo Petro, e da relatora especial da ONU para Palestina, Francesca Albanese. Os países do Grupo irão publicar uma declaração conjunta com propostas de sanções e ações coordenadas para responsabilizar Israel e fortalecer o cumprimento das decisões judiciais internacionais. Uma marcha de solidariedade ao povo palestino também está programada no centro da capital como parte das atividades de fechamento.

O Grupo de Haia foi criado em janeiro deste ano por Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras, Malásia, Namíbia, Senegal e África do Sul em reação à grave crise humanitária em Gaza.