Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A atriz judia Hannah Einbinder, premiada como melhor atriz coadjuvante por seu papel na série Hacks, declarou em seu discurso de vitória no Emmy Awards na noite deste domingo (14/09): “Liberdade para a Palestina. Abaixo o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras dos EUA)”.

“Como judia, é minha obrigação afirmar que os judeus são distintos do Estado de Israel. Nossa religião e cultura são verdadeiramente separadas desse tipo de Estado etnonacionalista”, afirmou Einbinder em outro momento.

No tapete vermelho, antes do início da cerimônia, a colega de elenco Megan Stalter deixou sua posição clara ao carregar uma bolsa estampada com as palavras “Cessar-fogo!”.

Hannah Einbinder, Ruth Negga, Chris Perfetti e Aimee Lou Wood compareceram ao evento exibindo broches vermelhos da campanha Artists4Ceasefire, em repúdio à ofensiva sionista na Faixa de Gaza.

O ator espanhol Javier Bardem, indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante em minissérie ou filme por “Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez”, apareceu usando um keffiyeh palestino. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, criticou veementemente o genocídio e solicitou um “bloqueio comercial e diplomático” com sanções à ocupação israelense, finalizando com o apelo: “Palestina Livre”.

O artista destacou o compromisso assinado por ele e mais de 4.000 profissionais do cinema, comprometendo-se a não colaborar com instituições israelenses, a menos que se distanciem da guerra.

“Não atacamos indivíduos por sua identidade”, explicou, esclarecendo que o boicote concentra-se em “empresas cinematográficas e instituições cúmplices envolvidas em encobrir ou justificar o genocídio de Israel em Gaza e seu regime de apartheid”.

Bardem também afirmou que “jamais trabalharia” com produtoras que não condenassem o genocídio israelense em Gaza. Reconheceu que a postura poderia impactar sua carreira, mas minimizou o risco, declarando que, se resultasse em menos papéis, seria “absolutamente irrelevante em comparação com o que acontece lá”.

 

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Figuras do cinema prometem boicote a Israel

No início deste verão, Joaquin Phoenix, Pedro Pascal, Ralph Fiennes e Guillermo del Toro estavam entre centenas de signatários de uma carta aberta criticando o silêncio da indústria cinematográfica. Em 8 de setembro, o jornal britânico The Guardian informou que outras personalidades do cinema prometeram não colaborar com instituições culturais israelenses que consideram cúmplices de “genocídio e apartheid contra o povo palestino”.

“Como cineastas, atores, trabalhadores da indústria e instituições, reconhecemos o poder do cinema para moldar percepções”, diz a declaração. “Neste momento urgente de crise, em que muitos governos permitem a carnificina em Gaza, devemos fazer tudo ao nosso alcance para combater a cumplicidade nesse horror implacável.”

A declaração conjunta de atores, diretores e cineastas de renome mundial — incluindo vencedores de Oscar, BAFTA, Emmy e Cannes —, que se recusam a trabalhar com instituições cinematográficas israelenses (festivais, cinemas, emissoras e produtoras) envolvidas em crimes de genocídio e apartheid, foi assinada por mais de 4.000 pessoas.

Outros 1.300 profissionais haviam inicialmente firmado o texto, incluindo os atores Olivia Colman, Mark Ruffalo, Riz Ahmed, Tilda Swinton, Javier Bardem e Susan Sarandon, além dos diretores Yorgos Lanthimos, Ava DuVernay e Adam McKay.

Os signatários comprometem-se a evitar exibições, aparições ou cooperação com instituições que considerem cúmplices. Exemplos de cumplicidade incluem “branquear ou justificar genocídio e apartheid e/ou firmar parceria com o governo para cometê-los”.

“Atendemos ao apelo de cineastas palestinos, que pediram à indústria cinematográfica internacional que rejeite o silêncio, o racismo e a desumanização, bem como que ‘faça tudo humanamente possível’ para acabar com a cumplicidade em sua opressão”, continua a declaração.

A campanha é liderada pela organização Film Workers for Palestine. Entre os participantes está o roteirista David Farr, que vinculou sua posição à história familiar: “Como descendente de sobreviventes do Holocausto, estou consternado e indignado com as ações do Estado israelense”, segundo a emissora catari Al Jazeera.

“Neste contexto, não posso apoiar a publicação ou apresentação do meu trabalho em Israel. O boicote cultural foi significativo na África do Sul. Será significativo desta vez e, na minha opinião, deve ser apoiado por todos os artistas conscientes”, acrescentou.

Esse mesmo espírito manifestou-se no Festival de Cinema de Veneza deste ano, onde A Voz de Hind Rajab — filme sobre uma menina de cinco anos morta pelas forças de ocupação israelenses em Gaza — recebeu uma ovação de pé de 23 minutos. Produzido por Brad Pitt, Jonathan Glazer, Joaquin Phoenix, Rooney Mara e Alfonso Cuarón, tornou-se uma das obras mais comentadas do evento.

Alvos do boicote

De acordo com a Al Jazeera, um FAQ identificou os principais festivais israelenses — incluindo o Festival de Cinema de Jerusalém, o Festival Internacional de Cinema de Haifa, o Docaviv e o TLVFest — como exemplos de instituições vinculadas à entidade ocupante. Afirmou que a maioria das empresas israelenses de produção e distribuição “nunca endossou os plenos direitos internacionalmente reconhecidos do povo palestino”.

Embora a declaração não refira explicitamente o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), está entre as iniciativas de boicote cultural mais significativas lançadas desde o início da atual guerra de Israel em Gaza.

Vozes palestinas também pressionaram a causa. Em 2023, mais de 65 cineastas palestinos acusaram Hollywood de “desumanizar” os palestinos nas telas, instando colegas internacionais a rejeitarem empresas que “encobrem e justificam os crimes de Israel contra nós”.