Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Egito, Catar, Turquia e EUA assinaram uma declaração conjunta nesta segunda-feira (13/10), durante a cúpula internacional em Sharm el-Sheikh, no Egito, apoiando o cessar-fogo em Gaza e prometendo trabalhar para uma ‘paz duradoura’ no Oriente Médio.

Intitulada “A Declaração de Trump para Paz e Prosperidade Duradouras“, o texto reconhece que palestinos e israelenses merecem direitos iguais: “tanto palestinos quanto israelenses poderão prosperar com seus direitos humanos fundamentais protegidos, sua segurança garantida e sua dignidade mantida”. Também se distancia do discurso tradicional dos EUA ao não atribuir aos palestinos a culpa pelo conflito e enquadrar a guerra em Gaza “como parte da questão palestina mais ampla”.

No entanto, o documento não menciona a criação de um Estado palestino, tampouco reconhece explicitamente o direito à autodeterminação do povo palestino.

A declaração é assinada por Donald Trump, o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi. Hamas e Israel não participaram do encontro nesta segunda-feira (13/10).

Países prometem ‘paz duradoura’ no Oriente Médio sem mencionar Estado palestino
@EmmanuelMacron / X

‘Engajamento diplomático’

Em tom conciliador, os líderes afirmam no texto que “o progresso significativo surge por meio da cooperação e do diálogo sustentado”, comprometendo-se a fortalecer “os laços entre nações e povos” e a resolver disputas “por meio do engajamento diplomático e da negociação, em vez da força ou de conflitos prolongados”.

A proclamação também condena o extremismo e a radicalização: “nenhuma sociedade pode prosperar quando a violência e o racismo são normalizados, ou quando ideologias radicais ameaçam a estrutura da vida civil”. Os signatários reiteram o compromisso com “tolerância, dignidade e oportunidades iguais para todas as pessoas” e defendem que o Oriente Médio “não pode suportar um ciclo persistente de guerra prolongada, negociações paralisadas ou a aplicação fragmentada de termos negociados com sucesso”.

A declaração conclui com um apelo à reconstrução de Gaza e à consolidação de uma “visão abrangente de paz, segurança e prosperidade compartilhada”, afirmando: “nós nos comprometemos com um futuro de paz duradoura”.

‘Última guerra’

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu que “a guerra de Gaza seja a última das guerras na região”, ao enfatizar a necessidade de inaugurar uma nova era de estabilidade no Oriente Médio. Embora o documento não cite a solução de dois Estados, o al-Sisi insistiu que o povo palestino “também tem o direito de desfrutar da liberdade e de viver em seu Estado independente, um Estado que convive lado a lado com Israel em paz, segurança e reconhecimento mútuo”.

Durante a cúpula, Donald Trump afirmou que “as preces de milhões foram finalmente atendidas” e declarou o fim da “era do terror”. Questionado sobre o apelo do presidente egípcio el-Sisi por uma solução de dois Estados, Trump disse que seu plano de paz era sobre algo muito diferente: “reconstruir Gaza”. “Muitas pessoas gostam da solução de um Estado; muitas pessoas gostam da solução de dois Estados… Não comentei sobre isso. Em algum momento, decidirei o que considero certo, mas em coordenação com outros Estados e outros países”, acrescentou.

O presidente da Turquia também reiterou a questão, ao afirmar que os recentes movimentos dos países ocidentais para reconhecer um Estado palestino devem ser vistos como blocos de construção para uma solução de dois Estados, informa a Al Jazeera. Ele mencionou que buscará apoio dos países do Golfo, dos EUA e de países europeus para ajudar a reconstruir Gaza sob o novo acordo; e disse acreditar que o financiamento para a reconstrução será fornecido rapidamente.

O xeque Tamim bin Hamad Al Thani do Catar disse estar satisfeito com os “resultados positivos da Cúpula da Paz de Sharm el-Sheikh” Em publicação no X, ele afirmou esperar que o acordo “sirva como um ponto de partida para futuros acordos que atendam às aspirações de nossos irmãos na Faixa de Gaza e contribuam para alcançar uma solução abrangente, justa e sustentável para a questão palestina”. E acrescentou: “esperamos o comprometimento de todas as partes para o entendimento conjunto alcançado em benefício de todos”.

Íntegra

A Declaração de Trump para Paz e Prosperidade Duradouras

Nós, abaixo assinados, saudamos o compromisso e a implementação verdadeiramente históricos de todas as partes do Acordo de Paz de Trump, encerrando mais de dois anos de profundo sofrimento e perda — abrindo um novo capítulo para a região definida pela esperança, segurança e uma visão compartilhada de paz e prosperidade.

Apoiamos e apoiamos os esforços sinceros do Presidente Trump para pôr fim à guerra em Gaza e trazer paz duradoura ao Oriente Médio. Juntos, implementaremos este acordo de forma a garantir paz, segurança, estabilidade e oportunidades para todos os povos da região, incluindo palestinos e israelenses.

Entendemos que a paz duradoura será aquela em que tanto palestinos quanto israelenses poderão prosperar com seus direitos humanos fundamentais protegidos, sua segurança garantida e sua dignidade mantida.

Afirmamos que o progresso significativo surge por meio da cooperação e do diálogo sustentado, e que o fortalecimento dos laços entre nações e povos atende aos interesses duradouros da paz e estabilidade regionais e globais.

Reconhecemos o profundo significado histórico e espiritual desta região para as comunidades religiosas cujas raízes estão entrelaçadas com a terra da região — entre elas, o cristianismo, o islamismo e o judaísmo. O respeito por essas conexões sagradas e a proteção de seus patrimônios culturais permanecerão primordiais em nosso compromisso com a coexistência pacífica.

Estamos unidos em nossa determinação de desmantelar o extremismo e a radicalização em todas as suas formas. Nenhuma sociedade pode prosperar quando a violência e o racismo são normalizados, ou quando ideologias radicais ameaçam a estrutura da vida civil. Comprometemo-nos a abordar as condições que possibilitam o extremismo e a promover a educação, a oportunidade e o respeito mútuo como alicerces para uma paz duradoura.

Comprometemo-nos, por meio deste, com a resolução de disputas futuras por meio do engajamento diplomático e da negociação, em vez da força ou de conflitos prolongados. Reconhecemos que o Oriente Médio não pode suportar um ciclo persistente de guerra prolongada, negociações paralisadas ou a aplicação fragmentada, incompleta ou seletiva de termos negociados com sucesso. As tragédias testemunhadas nos últimos dois anos devem servir como um lembrete urgente de que as gerações futuras merecem algo melhor do que os fracassos do passado.

Buscamos tolerância, dignidade e oportunidades iguais para todas as pessoas, garantindo que esta região seja um lugar onde todos possam perseguir suas aspirações em paz, segurança e prosperidade econômica, independentemente de raça, fé ou etnia.

Buscamos uma visão abrangente de paz, segurança e prosperidade compartilhada na região, baseada nos princípios de respeito mútuo e destino compartilhado.

Nesse espírito, saudamos o progresso alcançado no estabelecimento de acordos de paz abrangentes e duradouros na Faixa de Gaza, bem como a relação amigável e mutuamente benéfica entre Israel e seus vizinhos regionais. Comprometemo-nos a trabalhar coletivamente para implementar e sustentar esse legado, construindo bases institucionais sobre as quais as gerações futuras possam prosperar juntas em paz.

Nós nos comprometemos com um futuro de paz duradoura.

Donald J. Trump
Presidente dos Estados Unidos da América

Abdul Fattah El-Sisi
Presidente da República Árabe do Egito

Tamim bin Hamad Al-Thani
Emir do Estado do Catar

Recep Tayyip Erdoğan
Presidente da República da Turquia