Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O movimento palestino Hamas disse estar pronto para negociar a proposta de paz apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e concordou em transferir o poder dentro de um arranjo de consenso nacional palestino. A resposta, anunciada na sexta-feira (03/10), foi recebida com esperança por vários líderes internacionais, que agora exigem o cessar-fogo imediato de Israel como condição para o início das negociações de paz.

A proposta norte-americana prevê a formação de um governo interino em Gaza, supervisionado por uma Comissão de Paz que contaria com figuras como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O Hamas, embora tenha aceitado o plano em linhas gerais, destacou que “o destino dos palestinos deve ser decidido em consenso nacional, baseado nas leis e resoluções internacionais.”

Trump, que horas antes havia ameaçado “desatar um inferno em Gaza” caso a proposta fosse rejeitada, comemorou o aceite e disse que o fim da guerra é essencial para alcançar “a tão ansiada paz no Oriente Médio”. O presidente dos Estados Unidos exigiu que Israel “detenha agora mesmo o bombardeio de Gaza” para garantir a libertação rápida e segura dos reféns, enfatizando que “é demasiado perigoso continuar os ataques”.

O gabinete de Benjamin Netanyahu afirmou que os militares israelenses “estão se preparando para a implementação imediata da primeira fase do plano de Trump para a libertação de todos os reféns”, reiterando que seguirá “de acordo com os princípios estabelecidos por Israel”. Na manhã deste sábado (04/10), pelo menos 20 pessoas foram assassinadas, segundo dados da agência catari Al Jazeera. Desde o início das agressões, dois anos atrás, mais de 67 mil palestinos foram mortos.

Autoridade Palestina, Catar, Egito e ONU

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, considerou o anúncio do Hamas um ponto crucial para restaurar a unidade nacional. “O que importa para nós agora é um compromisso imediato com um cessar-fogo completo, a libertação de todos os reféns e prisioneiros, a entrega urgente de ajuda humanitária e o início do processo de reconstrução”, disse. Abbas enfatizou que “a soberania sobre a Faixa de Gaza pertence ao Estado da Palestina, e a conexão entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza deve ser alcançada […] dentro da estrutura de um único sistema e lei, com apoio árabe e internacional.”

Países exigem cessar-fogo imediato de Israel após Hamas aceitar plano de paz
Reprodução/ Agência Wafa

O Catar, mediador central das negociações, saudou o anúncio do Hamas, salientando “sua concordância com o plano do presidente Trump e sua prontidão para libertar todos os reféns”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Majed al-Ansari, declarou: “apoiamos as declarações do presidente pedindo um cessar-fogo imediato para alcançar resultados rápidos que ponham fim ao derramamento de sangue na Faixa de Gaza.”

O Egito disse esperar “um desenvolvimento positivo” e se comprometeu a trabalhar com “os estados árabes, os EUA e os países europeus para chegar a um cessar-fogo permanente em Gaza”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que “as partes devem aproveitar a oportunidade para pôr fim ao trágico conflito em Gaza”, chamando a resposta do Hamas de “um passo encorajador”.

Turquia, Paquistão, Índia e Malásia

A Turquia afirmou que “a resposta do grupo palestino oferece uma oportunidade para o estabelecimento imediato de um cessar-fogo em Gaza”.

O Paquistão classificou a decisão do Hamas como “um passo bem-vindo” e pediu “um cessar-fogo imediato, o fim do sofrimento palestino e o livre fluxo de ajuda humanitária.” O ministro das Relações Exteriores do país, Ishaq Dar, enfatizou que “Israel deve interromper imediatamente seus ataques.”

Na Índia, o primeiro-ministro Narendra Modi elogiou “a liderança de Trump em seus esforços de paz em Gaza, que alcançaram progressos decisivos”. “A Índia continuará a apoiar firmemente todos os esforços em direção a uma paz duradoura e justa”, declarou.

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, adotou um tom mais cauteloso. Disse que “o plano de paz apresentado pelos Estados Unidos não é perfeito, e até discordamos de grande parte dele. No entanto, nossa prioridade atual é salvar as vidas do povo palestino. A libertação de todos os reféns e um cessar-fogo em Gaza estão ao nosso alcance”.

França, Alemanha e Canadá

O presidente francês Emmanuel Macron celebrou o “compromisso do Hamas” e afirmou que “a libertação de todos os reféns e um cessar-fogo em Gaza estão ao nosso alcance”. Ele acrescentou: “o compromisso do Hamas deve ser cumprido sem demora. Temos agora a oportunidade de fazer progressos decisivos em direção à paz. A França desempenhará plenamente o seu papel […] ao lado dos Estados Unidos, israelenses e palestinos.”

O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que o plano representa “a melhor chance de paz”. Ele declarou que a Alemanha “apoia totalmente o apelo de Trump a ambos os lados”.

No Reino Unido, o primeiro-ministro Keir Starmer considerou a aceitação do Hamas “um passo significativo à frente”, pedindo que todas as partes envolvidas “implementem o acordo sem demora.”

O primeiro-ministro canadense Mark Carney também se pronunciou. “O Canadá acolhe com satisfação os compromissos do Hamas de renunciar ao poder e libertar todos os reféns restantes, vivos e mortos”, disse, ao garantir que o país está “pronto para apoiar a entrega sustentada e em larga escala de ajuda humanitária em Gaza e por toda a região.”