Países e entidades manifestam apoio a ativistas da Flotilha após interceptação israelense
Brasil, Cuba, Venezuela, França, Irã, Colômbia entre outras nações condenam ação de Israel; protestos ocorrem em várias capitais nesta quinta (02)
Países, organizações e sindicatos se manifestaram a favor da segurança dos ativistas da Global Flotilha Sumud (GSF), levados pelas forças israelenses, em águas internacionais do Mediterrâneo oriental, na noite desta quarta-feira (01/10). Em vários países, acontecem protestos contra o ataque israelense à coalizão pacífica.
Em comunicado, a Autoridade da Palestina condenou o ataque e a agressão de Israel contra a Flotilha Global Sumud e expressou preocupação com a segurança dos mais de 470 participantes da missão humanitária. “A Flotilha Global Sumud tem o direito de livre passagem em águas internacionais, e Israel não deve interferir em sua liberdade de navegação, há muito reconhecida pelo direito internacional”, afirmou.
“Elogiamos os corajosos participantes por sua determinação em romper o cerco de Israel e acabar com suas ações genocidas e pedimos à comunidade internacional que lhes forneça proteção”, complementou.
O Irã condenou nesta quinta-feira (02/10) a interceptação de Israel em águas internacionais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, em um comunicado, descreveu a interceptação dos navios pelas forças marítimas israelenses como “uma violação flagrante do direito internacional e um ato de terrorismo”. O diplomata pediu à comunidade internacional que “tome medidas urgentes” para impedir o genocídio em Gaza.
O Catar pediu a libertação imediata de todos os detidos da Flotilha e descreveu a apreensão em massa como uma “ameaça à segurança marítima e à liberdade de navegação”. O Ministério das Relações Exteriores catari também apelou à comunidade internacional “para manter suas responsabilidades morais e legais, tomando medidas decisivas contra as contínuas violações do direito internacional pelas autoridades de ocupação israelenses”. E enfatizou: “a importância de garantir a entrega segura, desimpedida e sustentada de ajuda humanitária a todas as áreas da Faixa de Gaza.”
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia chamou a intervenção de Israel de “um ato de terrorismo” que violou o direito internacional e colocou em risco a vida de civis inocentes. E disse que as ações de Israel demonstraram que “as políticas fascistas e militaristas perseguidas pelo governo genocida de Netanyahu – que condenou Gaza à fome – não se limitam aos palestinos”.
Colômbia, Bolívia, Venezuela e Cuba
A Colômbia ordenou a saída imediata de diplomatas de Israel. O Ministério das Relações Exteriores colombiano rejeitou o sequestro em águas internacionais das cidadãs colombianas Luna Barreto e Manuela Bedoya, membros da Flotilha Global Sumud. Eles denunciaram a violação do direito internacional e dos Acordos de Genebra, exigindo a libertação imediata de seus cidadãos, bem como a libertação de todos os outros membros da Flotilha.
Bogotá pediu aos governos da Espanha, Bangladesh, Brasil, Eslovênia, Indonésia, Irlanda, Líbia, Malásia, Maldivas, México, Omã, Paquistão, Catar, Tailândia, Turquia e África do Sul que ajam pronta e conjuntamente para proteger a vida e a integridade de seus respectivos cidadãos, uma vez que os ativistas não são terroristas como Tel-Aviv pretende tratá-los. “A Colômbia lembra que a Flotilha Global Sumud navegou pelo Mediterrâneo com três objetivos: entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, conscientizar sobre as necessidades humanitárias urgentes do povo palestino e alertar sobre a necessidade de parar a guerra em Gaza”, enfatizou.
O governo da Venezuela condenou “nos termos mais fortes” o ato covarde de pirataria realizado pelas forças de ocupação israelenses. “Esta abordagem militar em águas internacionais expõe, mais uma vez, a natureza criminosa do regime sionista, que ataca uma missão civil e pacífica cujo único objetivo era levar 5.500 toneladas de ajuda humanitária a um povo palestino submetido à fome e ao extermínio”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.

Países e entidades manifestam apoio a ativistas da Flotilha após interceptação israelense
@globalsumudflotilha
O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou que o Estado Plurinacional da Bolívia condena veementemente a brutal agressão perpetrada, nas últimas horas, pelo governo de Israel contra a Flotilha Sumud, composta por civis de diferentes nacionalidades que estavam a caminho de Gaza com ajuda humanitária. “Este ato de violência inaceitável, realizado sob a responsabilidade do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, constitui uma violação flagrante do direito internacional e uma afronta à dignidade humana”, disse ele.
A Bolívia, insistiu o presidente, denuncia perante o mundo a política de terrorismo de Estado que Netanyahu promove contra “um povo que sofre cerco, fome, ocupação e extermínio, e nenhuma desculpa pode justificar o ataque a pessoas desarmadas cuja única missão era levar alimentos e remédios ao povo palestino”.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, condenou na noite desta quarta-feira a interceptação pelo governo israelense da frota humanitária que tenta romper o bloqueio marítimo de Israel para a Faixa de Gaza. “Esses eventos deploráveis confirmam a essência genocida de Israel que não tem limites. Nosso apoio e solidariedade com os bravos tripulantes da Flotilha”, disse.
México, Chile, Brasil e África do Sul
No México, o Ministério das Relações Exteriores exigiu que as autoridades israelenses garantam os “direitos” e a “integridade” de seus cidadãos detidos a bordo da Flotilha Global Sumud; e afirmou estar “em contato permanente com as embaixadas da região e com os parentes dos mexicanos” desde 2 de setembro, quando a flotilha zarpou de Barcelona, Espanha.
O Chile expressou apoio à Flotilha Global Sumud e seus cidadãos a bordo. O governo do Chile expressou seu apoio à Flotilha, na qual dois cidadãos chilenos estão viajando, depois de serem interceptados por Israel em águas internacionais do Mediterrâneo oriental. Nesse sentido, a porta-voz do Governo, Camila Vallejo, disse que a Sumud Global “tem o total apoio do Estado chileno” e indicou que o Ministério das Relações Exteriores gerencia ações para proteger seus cidadãos.
O governo brasileiro também expressou sua preocupação e condenou o ataque à flotilha, ao mesmo tempo em que responsabilizou Israel pela segurança das pessoas no barco. “O governo brasileiro deplora a ação militar israelense, que viola direitos e coloca em risco a integridade física de manifestantes em uma ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, afirmou em nota oficial.
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, pediu a libertação imediata dos participantes da flotilha e confirmou que os detidos incluem o neto de Nelson Mandela, Nkosi Zwelivelile “Mandla” Mandela. “A África do Sul pede a Israel que garanta que a carga vital transportada por esta flotilha chegue ao povo de Gaza, pois a flotilha representa solidariedade com Gaza, não confronto com Israel”.
França, Itália, Reino Unido, Irlanda e Bélgica
A França também pediu respeito e garantia da segurança dos membros da Flotilha Global Sumud. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, disse que “exigimos que as autoridades israelenses garantam a segurança dos participantes, garantam seu direito à proteção consular e permitam que eles retornem”.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse à que Israel lhe garantiu que “não haverá ações violentas” contra a flotilha. Os sindicatos italianos convocaram separadamente uma greve geral na sexta-feira para mostrar sua solidariedade com o GSF e Gaza, após uma greve em setembro da Unione Sindacale di Base e outros protestos nos portos italianos.
O governo do Reino Unido disse que está “muito preocupado” com a interceptação da flotilha por Israel e acrescentou que está em “contato com as famílias de vários cidadãos britânicos envolvidos”. “A ajuda transportada pela flotilha deve ser entregue a organizações humanitárias no terreno para ser entregue com segurança em Gaza”, afirmou.
O presidente irlandês, Michael D Higgins, disse que “a segurança e a proteção dos envolvidos neste exercício humanitário são uma preocupação para todos nós e todas as nações de onde as pessoas vêm”.
Já o chanceler da Bélgica, Maxime Prevot, pediu ao governo israelense que respeite o direito internacional. Ele disse que sua principal prioridade era garantir que “os direitos de nossos compatriotas sejam respeitados, que sua segurança seja garantida e que eles possam voltar para casa o mais rápido possível”.
Mobilizações ocorrem em várias capitais
Na Turquia, manifestações em frente à embaixada dos EUA em Ancara rejeitam o sequestro dos navios da Flotilha Global Sumud. Também em Istambul, centenas de pessoas estão denunciando o genocídio em Gaza. O governo turco descreveu a abordagem de Israel à missão humanitária como um “ato terrorista”, expressando preocupação com o possível impacto negativo nos esforços de paz na região.
“Não é uma guerra, é um genocídio” é o slogan dos manifestantes no Uruguai que organizaram atos contra o sequestro de dois cidadãos da Flotilha Global Sumud. Dezenas de pessoas se reuniram em Montevidéu exigindo a libertação das uruguaias Romina Gallini e Ana Zugarramurdi.
A Articulação dos Movimentos Sociais e Populares em direção à ALBA (Movimentos ALBA) também condenou a interceptação e responsabilizou o Estado de Israel pela segurança dos ativistas da Flotilha.
Manifestações também ocorrem em Barcelona, Roma, Bruxelas e Berlim. Na Alemanha, a mobilização começou em torno da estação central de trem em Berlim, a capital, sob rígido controle policial. Já no centro de Roma, cerca de 10.000 pessoas se reuniram no Palácio Chigi, sede do governo, para exigir proteção aos ativistas da Flotilha. Em outras cidades, como Nápoles, ativistas invadiram sua estação de trem e centenas de pessoas saíram para protestar contra o sequestro dos navios da Flotilha Global Sumud. Manifestações também ocorreram em Milão e Turim.
Centenas de estudantes de cidades italianas como Pádua ou Romahan ocuparam escolas e universidades para apoiar a Flotilha e exigir o fim dos acordos de colaboração entre universidades italianas e israelenses. “Para Gaza, para a Palestina, para a Flotilha ‘Sumud’. Vamos fechar as universidades, as cidades, o país. Não é mais hora de olhar para o outro lado”, afirmou a associação estudantil da Universidade de Pádua.
Em comunicado, a Confederação Geral do Trabalho Italiana sublinhou que o ataque a barcos civis que transportavam cidadãos italianos representa “um golpe na própria ordem constitucional que impede a ação humanitária e a solidariedade com a população palestina, submetida pelo governo israelense a uma verdadeira operação de genocídio”. E criticou o governo italiano por ter “abandonado os trabalhadores italianos em águas internacionais abertas, violando nossos princípios constitucionais”.
*Com TeleSur























