Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Organização das Nações Unidas (ONU) pressionou o governo de Israel nesta terça-feira (26/08) para que cumpra sua promessa de investigar o ataque ao Hospital Nasser, que provocou a morte de 21 civis, incluindo jornalistas e médicos. O órgão ainda enfatizou a necessidade de uma apuração que alcance “resultados” e “medidas de responsabilidade”.

“As autoridades israelenses anunciaram no passado investigações sobre esses assassinatos… mas essas investigações precisam produzir resultados”, disse o porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan, em Genebra. “É preciso haver justiça. Ainda não vimos resultados ou medidas de responsabilidade”.

No dia anterior, as forças israelenses bombardearam o quarto andar do Complexo Médico Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza. A ofensiva matou mais cinco jornalistas que cobriam o genocídio em curso: Hussam al-Masri, da Reuters; Mohammed Salama, da Al Jazeera; Moaz Abu Taha, da NBC; Mariam Abu Daqqa, da AP; e Ahmad Abu Aziz, da Quds Feed Network.

O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva chegou a expressar “firme condenação” ao ataque, mencionando que Israel violou o direito internacional humanitário que prevê proteção especial a hospitais e unidades médicas. Ao denunciar “um padrão reiterado de violações perpetradas pelo governo de Israel contra a população palestina”, o comunicado do Itamaraty classificou os bombardeios de segunda-feira (25/08) como crimes de guerra.

“O governo brasileiro conclama a comunidade internacional e os mecanismos competentes das Nações Unidas a assegurar a realização de investigação independente, imparcial e transparente, de forma a garantir a devida responsabilização pelos atos”, disse a nota.

Ignorando a condenação da comunidade internacional sobre o incidente, o ex-ministro da Defesa israelense Avigdor Lieberman disse que Israel não precisaria se desculpar, ao sugerir, sem provas, que os profissionais de imprensa foram usados como “escudos humanos”. 

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza nesta terça-feira, pelo menos 75 palestinos, incluindo 17 requerentes de ajuda, foram mortos e outros 370 ficaram feridos em ataques israelenses nas últimas 24 horas. Com isso, o número total de mortos desde 7 de outubro de 2023 subiu para 62.819, com 158.629 pessoas feridas.

O número total de requerentes de ajuda mortos chegou a 2.140 desde 27 de maio, quando o mecanismo de distribuição de ajuda da controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), controlada por Israel e pelos Estados Unidos, foi introduzido no enclave. As fatalidades relacionadas à fome subiram para 303, incluindo 117 crianças.

Ataque israelense atinge Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, matando 21 civis, incluindo cinco jornalistas
MSF International

Trump prevê ‘fim de guerra’ em 2 a 3 semanas

Aos repórteres posicionados no Salão Oval, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou na segunda-feira que a guerra na Faixa de Gaza pode estar se aproximando de um fim em duas ou três semanas.

“Acredito que dentro das próximas duas ou três semanas teremos uma conclusão positiva e definitiva. Precisa acabar porque, entre a fome e todos os outros problemas, pessoas ainda estão sendo mortas”, disse o republicano.

O mandatário norte-americano também reiterou que “não está feliz” com o recente ataque israelense ao Hospital Nasser.

Questionado também se havia entrado em contato com Benjamin Netanyahu a respeito do plano de ocupação da Cidade de Gaza, e no contexto da emissão de um relatório da ONU declarando a fome no enclave, Trump apenas comentou que compartilha um bom relacionamento com o premiê israelense.

“No momento, eles estão falando sobre a Cidade de Gaza. Eles estão sempre falando sobre alguma coisa”, disse Trump. “Em algum momento, vai se resolver … é melhor você resolver isso logo”.

No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, realizou um apelo à comunidade internacional para que se oponha aos planos israelenses de assumir o controle total da Faixa de Gaza.

“A comunidade internacional deve rejeitar a declaração dos ocupantes israelenses sobre sua intenção de estabelecer o controle total sobre a Faixa de Gaza e acabar com os crimes das forças de ocupação israelenses”, disse bin Farhan na sessão extraordinária do Conselho de Ministros das Relações Exteriores da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) em Jeddah.