ONU: crianças menores de cinco anos podem morrer de fome em Gaza
Órgão informou que, em julho, quase todas as 320 mil crianças dessa faixa etária corriam risco de desnutrição aguda, sem acesso à água e alimento
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que todas as crianças que estão na Faixa de Gaza e têm menos de cinco anos correm risco de desnutrição, podendo chegar à morte. A preocupação vem na esteira do aumento do número de fatalidades relacionadas à fome, enquanto o governo de Israel continua bloqueando a entrada de ajuda humanitária no enclave. Apenas nesta segunda-feira (04/09), os hospitais locais registraram seis novas mortes por fome e desnutrição, incluindo uma criança, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
De acordo com um relatório publicado pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU, em julho, as cerca de 320 mil crianças dessa faixa etária que residem em Gaza foram afetadas pelo colapso dos serviços de nutrição, além da falta de acesso à água potável, substitutos do leite materno e alimentação terapêutica.
Já o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) ressaltou a necessidade de um acesso humanitário “imediato, seguro e desimpedido” no enclave.
“Crianças e bebês emaciados estão morrendo de desnutrição em Gaza”, disse a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell. “Precisamos de acesso humanitário imediato, seguro e desimpedido em Gaza para ampliar a entrega de alimentos, nutrição, água e remédios que salvam vidas. Sem isso, mães e pais continuarão enfrentando o pior pesadelo de um pai, impotentes para salvar uma criança faminta de uma condição que somos capazes de prevenir.”
O Ministério da Saúde de Gaza informa que, até o momento, o número total de pessoas que morreram por conta da fome, desde o início do genocídio, em 7 de outubro de 2023, atingiu 181, incluindo 94 menores de idade.
A pasta também emitiu um alerta sobre a “séria escalada” de casos de paralisia leve aguda entre crianças como resultado de “infecções e desnutrição aguda”. Em comunicado, informou que, até agora, registrou três mortes por síndrome de Guillain-Barré, uma condição rara que causa dormência repentina e fraqueza muscular em todo o corpo.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, Tel Aviv está bloqueando a entrada de mais de 22 mil caminhões com suprimentos básicos como parte de uma campanha sistemática de “fome, cerco e caos”..
À emissora catari Al Jazeera, o diretor da Save the Children International para o Oriente Médio, Ahmad Alhendawi, classificou a situação em Gaza de “nada menos que catastrófica”.
“São quase quatro meses de bloqueio, de fome que se acumulou ao longo de semanas e meses, e voltar desse ponto de extrema desnutrição e fome requer um suprimento sustentado de alimentos e equipamentos médicos, além de suplementos alimentares para crianças necessitadas”, disse.
A organização de direitos humanos ainda disse que mais de quatro em cada dez mulheres grávidas e lactantes que procuraram tratamento em clínicas no território palestino no mês de julho estavam desnutridas. Ou seja, uma taxa quase três vezes maior do que em março, quando Israel impôs um cerco total a Gaza.























