ONU apoia declaração de Nova York sobre criação do Estado da Palestina
Vice-presidente palestino afirma que resolução 'constitui um passo importante para acabar com a ocupação'; Israel, EUA e Argentina estavam entre os países que votaram contra
Atualização às 17h45
O vice-presidente do Estado da Palestina, Hussein Al-Sheikh, comemorou a adoção pela Assembleia Geral das Nações Unidas do projeto de resolução que endossa a Declaração de Nova York sobre a implementação da solução de dois Estados e o estabelecimento de um Estado palestino independente.
Em declaração nesta sexta-feira (12/09), Al-Sheikh afirmou que a resolução reflete o apoio internacional aos direitos do povo palestino e constitui um passo importante para pôr fim à ocupação e concretizar um Estado palestino independente dentro das fronteiras de 1967, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
O líder acrescentou que o crescente reconhecimento internacional do Estado da Palestina fornece uma base fundamental para salvaguardar o direito do povo palestino à autodeterminação e assegurar a solução de dois Estados, fortalecendo a segurança e a estabilidade regional e internacional.
Elaborado pela França e pela Arábia Saudita em julho, o plano foi apoiado por 142 países, enquanto 10 votaram contra e 12 se abstiveram. Israel, EUA, Hungria e Argentina estavam entre os países que votaram contra.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores e Expatriados elogiou a Arábia Saudita e a França por liderarem a conferência e os esforços subsequentes para transformar a declaração em um plano de ação concreto com diretrizes políticas, econômicas, legais e de segurança claras.
O ministério também expressou gratidão a todos os países que apoiaram e votaram a favor da resolução, tornando a Declaração de Nova York um documento oficial da ONU.

O plano foi apoiado por 142 países, enquanto 10 votaram contra e 12 se abstiveram. Israel, EUA, Hungria e Argentina estavam entre os países que votaram contra
ONU
O documento apela aos Estados-membros que implementem os resultados da conferência, pressionem Israel — a potência ocupante — a interromper sua agressão, acabem com o uso da fome como arma de guerra, cessem o deslocamento forçado e libertem prisioneiros e reféns.
A declaração acrescentou que todas as medidas disponíveis devem ser utilizadas para terminar com a ocupação colonial israelense, defender os direitos legítimos do povo palestino e garantir que a solução de dois Estados continue sendo o único caminho viável para a paz, face aos crimes, à colonização e à agressão em curso.
Reação israelense
Por sua vez, Israel condenou a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU, chamando a declaração de “vergonhosa”.
“O governo israelense rejeita categoricamente a decisão da Assembleia da ONU, que é uma vergonha”, escreveu na rede social X o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oren Marmorstein, acusando o órgão de ser “um circo político alheio à realidade”.
“Nas dezenas de cláusulas da declaração aprovada, não há referência ao simples fato de que o Hamas é o único responsável pela continuação da guerra, por sua recusa em libertar os reféns e se desarmar”, acrescentou, apesar do governo israelense ser acusado de focar no prolongamento de sua ofensiva, como a ocupação da Cidade de Gaza, em vez de se dedicar a um acordo de cessar-fogo.
Já o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, afirmou que o texto “ignora por completo a realidade”.
“Trata-se de uma declaração unilateral que apoia o Hamas”, concluiu Danon sobre a resolução.
Apesar das alegações israelenses, a resolução aprovada defende a criação de um Estado palestino, mas sem o governo do Hamas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia declarado nesta quinta-feira (11/09) que não permitirá a criação de um Estado palestino, durante a cerimônia de assinatura do chamado “plano E1”, que prevê a construção de mais de 7.600 unidades de assentamento na Cisjordânia, sendo 3.400 na área E1, a leste de Jerusalém ocupada.
“Nós dissemos que não haveria Estado palestino e certamente não haverá Estado palestino!”, destacou, reafirmando o propósito de bloquear a criação de um Estado palestino com Jerusalém Oriental (Al-Quds) como capital.
Em contrapartida, no mesmo dia, o Parlamento da União Europeia aprovou uma resolução que pede aos países-membros do bloco que avaliem o reconhecimento do Estado da Palestina. A medida já foi adotada pela Espanha e pela Irlanda, e prometida pela França.
O primeiro texto aprovado pelo Legislativo da UE sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza em mais de um ano foi proposto por parlamentares verdes, socialistas e liberais e recebeu 305 votos a favor, 151 contrários e 122 abstenções.























