OMS pede que Israel libere estoque de medicamentos antes de ocupar Gaza
Agência de saúde da ONU informou que 52% dos suprimentos médicos estão esgotados no enclave, enquanto parte deles tem entrada recusada por Tel Aviv
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira (12/08) que Israel deveria permitir o estoque de suprimentos médicos em Gaza antes de executar o seu plano de ocupação total do território palestino.
Na semana passada, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu informou que seus militares tomariam a Cidade de Gaza, conforme um projeto aprovado pelo gabinete de segurança. O anúncio provocou uma onda de críticas em âmbito internacional e levou à realização de uma reunião de caráter emergencial do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), no domingo (10/08).
Em coletiva, o representante da OMS para a Palestina Ocupada, Richard Peeperkorn, pediu a Israel para “agilizar os procedimentos de triagem para ajuda humanitária destinada a Gaza, onde a situação humanitária continua catastrófica”. Segundo ele, há “produtos médicos que ainda são recusados” para entrar no enclave, “impedindo o abastecimento de hospitais, ainda que parcialmente”.
“Precisamos conseguir deixar entrar [em Gaza] todos os medicamentos e suprimentos médicos essenciais”, enfatizou, em meio ao controle israelense para o acesso de alimentos, remédios e demais suprimentos de ajuda humanitária à população palestina. De acordo com Peeperkorn, atualmente 52% dos medicamentos estão esgotados na região.
Desnutrição em Gaza
O representante da OMS ainda destacou que a desnutrição aguda em Gaza, decorrente do bloqueio de Israel, já provocou 148 fatalidades. Deste número, 98 eram adultos e 49 eram crianças, incluindo 39 com menos de cinco anos.
No dia anterior, o Fundo das Nações para a Infância (Unicef) relatou que o número de crianças menores de cinco anos que sofrem de desnutrição aguda no território palestino atingiu 12 mil em julho, configurando o pior índice mensal já registrado até o momento.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), mais de 300 mil menores em Gaza estão no quadro mais crítico da fome. Além disso, um alerta recente da agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que “apenas 1,5% das terras aráveis do enclave estão atualmente disponíveis para cultivos” e que “12,4% das terras cultiváveis, embora intactas, não são acessíveis devido às zonas proibidas”.
“Para evitar mais sofrimento, precisamos priorizar o acesso humanitário urgente e investir na restauração dos sistemas de produção agroalimentar, mercados e infraestrutura locais de Gaza. Isso inclui a recuperação do acesso seguro às terras agrícolas e a reabilitação de terras e ativos danificados pelo conflito”, reforçou Rein Paulsen, diretor de Emergências e Resiliência da FAO, em comunicado.

A Organização Mundial da Saúde afirmou que palestinos sofrem com escassez de medicamentos, decorrente do bloqueio israelense
Fotos Públicas/IRNA
Ataques contra esfomeados
O representante da OMS para a Palestina Ocupada, Peeperkorn também alertou para o sobrecarregamento de hospitais, uma vez que as pessoas que estão em filas de distribuição esperando por comida têm sido atacados por soldados israelenses, agravando o problema da escassez de sangue e plasma.
O número de mortes entre aqueles que tentam obter suprimentos básicos aumentou para 1.655, enquanto mais de 11.800 ficaram feridos desde 27 de maio deste ano, com o início da operação da controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês).
Segundo Peeperkorn, apenas 50% dos hospitais em Gaza e 38% dos centros de atenção primária à saúde funcionam, e de forma parcial. A ocupação de leitos atingiu 240% da capacidade no hospital Al-Shifa e 300% no Hospital Al-Ahli, no norte do enclave.
“A situação geral de saúde continua catastrófica”, disse. “A fome e a desnutrição continuam devastando Gaza”.
(*) Com Ansa























