Netanyahu ordena 'ataques poderosos' em Gaza e viola cessar-fogo
Tel Aviv acusou Hamas de disparar contra tropas em Rafah e grupo palestino negou versão; bombardeio matou ao menos dois civis
Atualização às 16h16
Em mais uma violação do acordo de cessar-fogo, os militares de Israel lançaram nesta terça-feira (28/10) uma série de ataques aéreos na Cidade de Gaza, principal centro urbano do enclave, e em Khan Younis, na região sul, deixando mortos e feridos. A Defesa Civil local relatou que uma das ofensivas se dirigiu a uma área próxima ao Hospital al-Shifa.
“A ocupação agora está bombardeando Gaza com pelo menos três ataques aéreos, apesar do acordo de cessar-fogo“, disse o porta-voz da agência, Mahmoud Bassal, em um primeiro momento. Posteriormente, a autoridade confirmou que ao menos duas pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas em um ataque no bairro de Sabra, ao sul da Cidade de Gaza.
Os bombardeios ocorrem pouco depois que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou que as tropas sionistas realizassem, de imediato, ataques intensos na Faixa de Gaza.
“Após consultas de segurança, o primeiro-ministro Netanyahu instruiu os militares a realizar imediatamente ataques poderosos na Faixa de Gaza”, disse um comunicado do gabinete do premiê, mas sem especificar o motivo.
Following security consultations, Prime Minister Netanyahu has directed the military to immediately carry out forceful strikes in the Gaza Strip.
— Prime Minister of Israel (@IsraeliPM) October 28, 2025
A decisão tomada em reunião de emergência ocorreu após alegações israelenses de que o Hamas teria violado o cessar-fogo. A agência Associated Press (AP) havia relatado, mais cedo, que a cidade de Rafah, no sul do enclave, foi palco de confrontos armados entre supostos militantes do grupo palestino e soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
O Exército sionista atribuiu essas ofensivas ao Hamas que, por sua vez, negou envolvimento com o tiroteio e reforçou compromisso com o cessar-fogo. Segundo o movimento, “o ataque criminoso do exército de ocupação em várias áreas de Gaza constitui uma grave violação do acordo de cessar-fogo assinado em Sharm el-Sheikh sob os auspícios do presidente dos EUA, Trump […] O ataque é uma continuação de uma série de violações nos últimos dias”.
O grupo pediu aos mediadores do cessar-fogo “que tomem medidas imediatas para pressionar” Israel a interromper seu ataque e “obrigá-lo a cumprir” todas as disposições do acordo. Vale lembrar que na semana passada, dois soldados israelenses foram identificados mortos em Rafah em um ataque que também foi associado ao Hamas, mas que logo foi refutado pelo próprio grupo.
A Al Jazeera recorda que a medida desta terça-feira também ocorre após o regime sionista destacar que 13 corpos israelenses seguem em Gaza. Horas atrás, Israel acusou o Hamas de identificar erroneamente os restos mortais de um prisioneiro que retornou recentemente, quando na realidade se tratava de um outro cujo corpo foi recuperado há dois anos. Por sua vez, o Hamas reforça que precisa de assistência, incluindo equipes especializadas e maquinário pesado, uma vez que a destruição causada por Israel na área dificulta as operações de busca.
Nesta mesma terça-feira, o membro do escritório político do Hamas em Gaza, Suhail al-Hindi, reconheceu que o grupo enfrenta “dificuldades significativas” durante a recuperação dos corpos dos prisioneiros israelenses.
“Israel deve perceber que estamos comprometidos com o acordo e deve parar de nos acusar falsamente de violá-lo”, disse o funcionário à Al Jazeera, acrescentando que o regime sionista recusou uma solicitação feita recentemente para a entrada de equipes de busca nas chamadas “zonas vermelhas” para localizar os corpos. “A resistência não tem interesse em ocultar ou atrasar a entrega do corpo de qualquer prisioneiro, e afirmamos nosso total compromisso com o acordo”.
Ignorando os obstáculos relatados pelo Hamas, o ministro da Defesa, Israel Katz, prometeu que o grupo palestino “pagará um preço alto por atacar soldados em Gaza e por violar o acordo de devolver os corpos dos reféns”, em um comunicado divulgado assim que se reiniciaram os ataques no enclave.























