‘Nada de civis, são todos terroristas’, dizem comandantes israelenses aos soldados, segundo jornal
Matéria do Haaretz mostra que são comuns competições para ver quem mata mais palestinos
Soldados israelenses que lutaram em Gaza relataram ao jornal israelense Haaretz inúmeras atrocidades cometidas pelo exército do seu país. Segundo eles, os militares estabeleceram que o Corredor Nezarim, que divide a faixa em duas, é classificado pelos comandantes como “zona de matança”.
“Nada de civis, são todos terroristas” é uma das consignas que os soldados israelenses dizem ouvir de seus superiores.
Sob anonimato, soldados e oficiais relatam que “as ordens são para matar qualquer um que entre na área, inclusive crianças”. E que há, inclusive, competições para ver quem consegue atirar e matar o maior número de palestinos.
O Corredor Nezarim é uma estrada de seis quilômetros, ao sul da Cidade de Gaza, que vai da fronteira com Israel até o Mar Mediterrânio. A estrada separa uma parte do norte que corresponde aproximadamente a um quarto de Gaza, incluindo ali a área que há 70 dias está isolada pelo exército e impedida de receber provisões.
“As tropas na região chamam o corredor de ‘linha de cadáveres’ porque depois dos tiroteios os corpos não são recolhidos, atraindo cães que vêm comê-los. As pessoas já sabem que não devem ir para onde quer que vejam esses cães indo”, contou ao jornal um comandante da Divisão 252.
Competição para ver quem mata mais
Segundo ele, os anúncios do porta-voz do exército israelense sobre os números de mortes fizeram com que as várias unidades do exército passassem a competir. “Se a divisão 99 matar 150, a próxima unidade na área mira em 200”.
“Lá, estamos matando civis que são contados como terroristas”, denunciou ao jornal outro oficial recentemente dispensado da divisão 252.
Um soldado veterano dessa mesma divisão relatou como as tropas mataram um garoto de 16 anos. “Os guardas avistaram alguém se aproximando e nós respondemos como se fosse um grande ataque de militantes. Tomamos posições e simplesmente abrimos fogo por um ou dois minutos. Apenas continuamos atirando no corpo. As pessoas ao meu redor estavam atirando e rindo”.

Mohammad Emad /IRNA
Muitas crianças entre os mortos pelo exército de Israel em Gaza
“Quando nos aproximamos do corpo coberto de sangue, vimos que era apenas um garoto, talvez de uns 16 anos. Pegamos seu telefone e o fotografamos para enviar ao pessoal da inteligência, como é o procedimento padrão”, explicou o soldado.
Parabenizados por matar civis
Horas depois, o oficial da inteligência que coletou as fotos e o telefone veio informar que o garoto não era agente do Hamas. “Naquela noite, o comandante do nosso batalhão veio nos parabenizar por matar um terrorista, dizendo que esperava que matássemos mais dez no dia seguinte”, acrescentou o soldado.
Um outro oficial da divisão 252 lembra de um incidente em que o exército de Israel anunciou a morte de centenas de militantes do Hamas. “Na verdade, das 200 baixas registradas, apenas dez foram confirmadas como agentes conhecidos do Hamas. Mas ninguém questionou o anúncio público sobre a morte de centenas de militantes.”
Militar dos EUA denuncia genocídio em Gaza
Longe da região do conflito, outro soldado também expressou na quarta-feira (18/12) opiniões bem críticas sobre a guerra contra os palestinos.
A ex-capitã Joseplhine Guilbeau interrompeu uma audiência no Congresso para protestar contra o apoio de seu país à guerra de Israel contra os palestinos.
“Vocês, como Congresso, são cúmplices do genocídio em Gaza”, disse a ex-capitã, que serviu o exército dos EUA por 17 anos. “Vocês continuam enviando bilhões de dólares para Israel. Enquanto isso, os veteranos estão sem teto e cometendo suicídio”.
Com informações do Haaretz.























