Museu Nacional da Bósnia destina arrecadação de exposição judaica para Gaza
Diretor da instituição disse que medida é ‘oposição’ ao que ocorre contra os palestinos, vítimas de um massacre perpetrado pelo Exército israelense
O Museu Nacional da Bósnia anunciou nesta semana que a venda de ingressos para ver a Hagadá de Sarajevo — manuscrito religioso de relevância, que remonta à Idade Média — será doada para “apoiar o povo da Palestina que sofre terror sistemático, calculado e a sangue frio, diretamente pelo Estado de Israel”.
Mirsad Sijaric, o diretor da instituição, defendeu a medida: “Se escolhemos um dos lados? Sim, escolhemos um dos lados”. As informações são da agência de notícias Al Jazeera.
Ele afirma ter recebido inúmeras mensagens de apoio de judeus em várias partes do mundo, e insiste que a decisão “de forma alguma” se dirige contra o povo judeu.
Trata-se de uma mensagem de oposição ao que ocorre em Gaza: “fingir neutralidade é se aliar ao mal”, disse, apontando que “isso é pura maldade, e é preciso se opor a isso.”

Cópias da Hagadá de Sarajevo no edifício do parlamento da Bósnia e Herzegovina
Wikimedia Commons
A Hagadá de Sarajevo, um manuscrito judaico com iluminuras, ilustra o texto da Páscoa judaica — datada de 1350, é considerada uma das mais antigas Hagadás hispano-provençais.
Atualmente exposta em uma vitrine especial no Museu Nacional da Bósnia, o manuscrito foi registrado como parte da Memória do Mundo da UNESCO em 2017. O livro teria chegado a Sarajevo com os judeus expulsos da Espanha em 1492.
Por bastante tempo, a Hagadá esteve guardada em um cofre, e raramente foi exibida. O acesso ao texto foi facilitado em 2018, quando passou-se a dedicar uma sala apenas para ela.
O manuscrito sobreviveu não apenas à ocupação nazista, como também foi preservado durante os bombardeios da guerra de separação da Iugoslávia, na década de 1990.























