Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Relatório divulgado nesta quinta-feira (07/08) pelo Médicos sem Fronteiras (MSF) denuncia “assassinatos orquestrados e desumanização” de palestinos por forças israelenses em centros de distribuição de ajuda da Fundação Humanitária de Gaza (FHG).

Os horrores foram denunciados por equipes nos centros de saúde Al-Mawasi e Al-Attar, que receberam pacientes feridos e cadáveres. Funcionários recebiam regularmente um grande fluxo de vítimas após a violência em duas localidades diferentes administradas pela FHG.

O documento aponta para a “violência direcionada e indiscriminada das forças israelenses e de contratados privados norte-americanos contra palestinos famintos”. A MSF pede, ainda, o “desmantelamento imediato do esquema”, além da restauração da distribuição de ajuda anterior, oferecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Relatório divulgado nesta quinta-feira (07/08) pelo Médicos sem Fronteiras (MSF) denuncia 'assassinatos orquestrados e desumanização' de palestinos por forças israelenses <br / > Nour Alsaqqa/MSF

Relatório divulgado nesta quinta-feira (07/08) pelo Médicos sem Fronteiras (MSF) denuncia ‘assassinatos orquestrados e desumanização’ de palestinos por forças israelenses
Nour Alsaqqa/MSF

1.380 vítimas em sete semanas

De acordo com o relatório, entre 7 de junho e 24 de julho de 2025, os centros de saúde receberam 1.380 vítimas, incluindo 28 mortos. Ao longo das sete semanas, foram tratadas 71 crianças com ferimentos a bala, 25 das quais tinham menos de 15 anos.

“Sem alternativas para encontrar alimentos, famílias famintas frequentemente enviam adolescentes para esse ambiente letal”, hipotetizou o documento, afirmando que “eles são muitas vezes os únicos homens da família fisicamente capazes de fazer a viagem”.

Entre os pacientes também estavam um menino de 12 anos atingido por uma bala e cinco meninas, uma delas com apenas 8 anos de idade, que sofreu um ferimento a bala no peito.

O documento destacou que, em Al-Mawasi, 11% dos ferimentos a bala foram na cabeça e no pescoço, enquanto 19% foram em áreas que abrangem o peito, o abdômen e as costas; enquanto isso, vítimas provenientes do Centro de Distribuição de Khan Younis eram mais propensas a chegar com ferimentos de bala nos membros inferiores.

“Padrões distintos e a precisão anatômica desses ferimentos sugerem fortemente que se trata de ataques intencionais contra pessoas dentro e ao redor dos locais de distribuição, e não de tiros acidentais ou indiscriminados”, afirma o texto.

Por trás dos centros de distribuição de ajuda da FHG

Em maio, as autoridades israelenses tentaram desmantelar a resposta humanitária liderada pela ONU e substituí-la por um esquema militarizado de distribuição de alimentos operado pela FHG.

Com isso, no momento todos os quatro locais de distribuição administrados pela fundação estão em áreas sob controle militar total de Israel e “protegidos” por empresas de armamento privadas norte-americanas.
Segundo o MSF, os locais não passam de “um esquema mortal, institucionalizando a política de fome das autoridades israelenses em Gaza”.

A iniciativa tem sido promovida por Tel Aviv e Washington como uma “solução inovadora” – uma suposta resposta a o que ambos os governos afirmam ser “desvio de ajuda em Gaza” e “falhas da ONU”.