Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Frente em Defesa do Povo Palestino organiza uma ação contra a fome em Gaza a ser realizada neste domingo (27/07), na Avenida Paulista, em São Paulo.

Segundo a coordenadora da Frente Paulista Palestina, Soraya Misleh, a ação atende a um “chamado global urgente diante do uso criminoso da fome como arma para o genocídio e limpeza étnica de palestinos na Faixa de Gaza” pelo governo de Israel.

A convocação vem em meio a mais um anúncio da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a fome no enclave: 85% da população em Gaza encontra-se às portas do estágio 5 de desnutrição, em que os danos à saúde são potencialmente irreversíveis.

Misleh explica que a fome causada por Israel no enclave palestino não é de agora. “Diante do bloqueio criminoso de Israel à Faixa de Gaza há 18 anos, a situação já era grave: 80% da população em Gaza já dependia de ajuda humanitária e os palestinos já eram submetidos a uma “dieta forçada”, com restrições de água, alimentos e condições de subsistência”, lembra.

Mas a partir de outubro de 2023, quando a mais recente ofensiva de Israel contra Gaza começou, o governo Netanyahu “avalizado pelo imperialismo dos EUA e potências europeias para buscar a solução final na contínua Nakba (a catástrofe palestina)”.

De acordo com a representante da Frente em Defesa do Povo Palestino, Israel usa a fome com objetivo de exterminar o povo palestino. “Eles falam declaradamente em substituir dois milhões de palestinos por judeus sionistas, ou seja, limpeza étnica, e fome é a arma fundamental”.

“Desde que retomou diretamente o genocídio, em março último, o bloqueio criminoso é total, impedindo a entrada de alimentos, água, medicamentos, tudo. Os palestinos sequer podem pescar, porque estão proibidos de acessar o mar de Gaza. Bombardeios destruíram tudo e contaminaram as terras agricultáveis”, detalha.

A questão da fome em Gaza não representa falta de alimentos, explica a organização. “A vida de um milhão de crianças está ameaçada pelo bloqueio israelense, palestinos estão desmaiando de fome e morrendo à espera de alimentos. Enquanto isso, a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) tem o suficiente em seus armazéns, inclusive em al-Arish, no Egito, para alimentar toda a população de Gaza”.

Frente em Defesa do Povo Palestino convoca ato contra fome em Gaza, em São Paulo, neste domingo (27)
IRNA/Fotos Públicas

“A ajuda humanitária entraria pela fronteira de Rafah, sul de Gaza, com o Egito. Há fila de caminhões com alimentos apodrecendo na fronteira com o Egito impedidos de entrar, e colonos sionistas criminosos têm saqueado e queimado toda essa ajuda que impediria a morte da população palestina em Gaza”, lamenta Misleh.
A UNRWA está proibida de atuar no enclave palestino por Israel. Quem está fazendo esta função é a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelo governo norte-americano e israelense.

Contudo, a Frente em Defesa do Povo Palestino lembra que mais de mil pessoas foram assassinados tentando obter os alimentos da GHF. “É uma armadilha mortal, o contrário de humanitário”, insta Misleh.

Diante deste cenário, a ação exige um cessar-fogo imediato em Gaza, o fim do bloqueio, e também que o governo brasileiro sancione Israel, com embargos energéticos referente ao petróleo que exporta, além de ruptura de todas as relações.

Segundo Misleh, o povo palestino apela pelo isolamento internacional de Israel, por meio da campanha de Boicote, Desenvolvimento e Sanções (BDS). “É tarefa central dos movimentos de solidariedade com o povo palestino trazer essa reivindicação e pressionar por ruptura de relações com Israel”, defendeu.

“O Brasil precisa também se comprometer com essas medidas e parar imediatamente de exportar petróleo que abastece os tanques israelenses para o genocídio”, afirma Misleh, ao citar o documento da relatora da ONU Francesa Albanese, que identificou a Petrobras como uma das empresas que faz parte da economia de Israel em meio ao genocídio.

Por fim, a ativista afirmou que pelo papel do presidente Lula na liderança na América Latina, “esse passo, que já deveria ter sido dado há tempos, tem uma importância fundamental para que outros governos na região tomem tais medidas concretas”. “Esta é a solidariedade que o povo palestino precisa, rumo à libertação nacional”, concluiu.

A iniciativa deste domingo, unificada com diversas organizações da sociedade civil brasileira e da comunidade árabe-palestina e islâmica, contará com uma aula pública do jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman. Ao longo da ação, oficinas culturais, como a dança folclórica palestina dabke, darão sequência ao ato.

Como ação simbólica, os movimentos convocam todos a levar panelas, para simbolizar “as terríveis imagens de panelas vazias” no enclave palestino, disseminadas nas redes sociais.

Serviço

Ação contra a fome em Gaza! Ruptura das relações do Brasil com Israel já!
Data: domingo (27/07)
Horário: das 11h às 14h
Local: esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta