Mortos nas filas de comida em Gaza passam de 1,3 mil, diz ONU
Segundo Nações Unidas, Exército de Israel é responsável pela ‘maior parte dos assassinatos’; França faz lançamentos aéreos de ajuda humanitária
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta sexta-feira (01/08) que mais de 1,3 mil palestinos foram assassinados enquanto buscavam comida na Faixa de Gaza nos últimos dois meses, quando a distribuição de ajuda humanitária no enclave passou a ser controlada por uma entidade norte-americana apoiada por Israel.
Segundo o escritório para os territórios palestinos do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, desde 27 de maio, “pelo menos 1.373” pessoas foram mortas “enquanto buscavam comida”, sendo 859 “nas proximidades de locais” da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) e 514 “ao longo de percursos de comboios alimentares”.
“A maior parte desses assassinatos foi cometida pelo Exército israelense”, acusou a agência da ONU.
Já a ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou que “incidentes com múltiplas vítimas se verificaram quase diariamente nos arredores de quatro pontos administrados pela GHF, que opera em coordenação com o Exército israelense”. A organização acusa Israel de usar a fome dos civis “como arma de guerra”.
Os massacres na distribuição de ajuda humanitária em Gaza aumentaram a pressão para Israel — que nega culpa nas mortes — permitir a entrada de comida e outros itens emergenciais no enclave, onde toda a população está sob ameaça da fome.
Em meio a esse cenário, diversos países ocidentais anunciaram que reconhecerão o Estado da Palestina na próxima Assembleia-Geral da ONU, em setembro, incluindo França, Canadá e Reino Unido.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também anunciou nesta sexta-feira (01/08) que, “diante da emergência absoluta”, seu país realizou uma operação de entrega aérea de alimentos em Gaza.
Face à l’urgence absolue, nous venons de conduire une opération de largage de vivres à Gaza.
Merci à nos partenaires jordaniens, émiriens et allemands pour leur appui, ainsi qu’à nos militaires pour leur engagement.
Les largages ne suffisent pas.… pic.twitter.com/dEzo3GXmi8
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 1, 2025
“Agradecemos aos nossos parceiros jordanianos, emiradenses e alemães pelo apoio, bem como aos nossos militares pelo comprometimento. Lançamentos aéreos não são suficientes. Israel precisa fornecer acesso humanitário total para enfrentar o risco de fome”, exigiu o mandatário.

Massacres na distribuição de ajuda humanitária em Gaza aumentaram a pressão para Israel — que nega culpa nas mortes
IRNA/Fotos Públicas
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, detalhou que Paris enviou quatro voos, contendo 10 toneladas de alimentos cada, para Gaza.
As entregas aéreas de alimentos são consideradas controversas. Em 2024, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Egito realizaram o método, criticado porque quando lançados não há precisão de onde vão cair, os pesos podem machucar pessoas, e também houve relatos de morte.
Diante das críticas, o Ministério das Forças Armadas da França declarou que os lançamentos “são a única solução possível, então há uma certa aceitação do risco”.
Contrários a esse movimento, os Estados Unidos mandaram seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, para verificar a situação em centros de distribuição da GHF em Gaza.
O dirigente foi ao sul do enclave nesta sexta-feira (01/08), acompanhado do embaixador norte-americano em Israel, Mike Huckabee, enquanto Washington prepara um novo plano para levar ajuda aos palestinos.
(*) Com Ansa e informações da RFI























