Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, apresentou nesta quinta (23/11) uma proposta de resolução governamental para bloquear economicamente o diário Haaretz, conhecido por sua linha editorial crítica ao governo do premiê Benjamin Netanyahu.

Se aprovada, a resolução fará com que o jornal seja proibido de receber publicidade estatal ou mesmo recursos através de assinaturas e outros acordos comerciais com entidades privadas.

O argumento do ministro governista israelense para justificar a iniciativa é que o Haaretz estaria dedicando seus espaços midiáticos para “veicular propaganda derrotista e falsa contra o Estado de Israel em tempo de guerra”.

“Desde o início da guerra, o meu gabinete tem recebido numerosas queixas de que o jornal Haaretz tem adotado uma linha prejudicial aos objetivos da guerra, enfraquecendo o esforço militar e a resistência da sociedade”, diz o texto proposto por Karhi.

Proposta partiu do ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, contra o diário Haaretz, que publicou reportagens e editoriais que desagradaram o governo de Israel

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Ministro Shlomo Karhi encabeça política de Tel Aviv contra meios de comunicação críticos ao governo de Netanyahu

Além de diversos editoriais críticos ao governo de Netanyahu, a cobertura do Haaretz tem se caracterizado por reportagens denunciando crimes cometidos por Israel durante a ofensiva contra os palestinos. Em uma delas, publicada no último sábado (18/11), o jornal afirmou que parte das pessoas mortas no dia 7 de outubro, em ataques até então atribuídos apenas ao Hamas, teriam sido, na verdade, vítimas de fogo disparado por militares israelenses.

Segundo Karhi, a matéria teria “ultrapassado os limites da lei e precisa ser penalizado pelas autoridades competentes”.

Mesmo que seja confirmado, este não seria o primeiro caso de censura promovido por Israel desde o início da ofensiva. O próprio Karhi liderou a aprovação de regulamentos governamentais de emergência que permitem ao seu ministério encerrar as emissões noticiosas estrangeiras consideradas “prejudiciais à segurança nacional”.

Essas políticas já resultaram, por exemplo, no fechamento do canal libanês al Mayadeen, por suposta associação ao grupo Hezbollah, e diversas ameaças ao canal Al Jazeera, sediado no Qatar, acusado por Karhi de suposta ligação com o Hamas.