Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultradireitista Itamar Ben-Gvir, afirmou nesta sexta-feira (03/10) que deportar os ativistas da Flotilha Global Sumud (GSF) — que se dirigia a Gaza para romper o cerco ilegal e levar ajuda humanitária — é um erro, defendendo que deveriam ser presos por vários meses.

“Acho que eles devem ficar aqui por alguns meses em uma prisão israelense, para que se acostumem com o cheiro da ala terrorista”, declarou Ben-Gvir em uma publicação no X. Ele argumentou que, ao simplesmente repatriá-los, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estaria incentivando os ativistas a “voltarem repetidamente”.

Nesta sexta (03), foi confirmada a interceptação do último navio que tentava romper o bloqueio, o Marinette. Pouco antes de os soldados israelenses assumirem ilegalmente o controle, integrantes da tripulação do barco de ajuda humanitária gritavam palavras de apoio a Gaza. “Do mar a Gaza, não nos esqueceremos de vocês”, foram as frases registradas em vídeo compartilhado pelo Middle East Eye.

Mais de 40 embarcações da GSF foram interceptadas pelo exército israelense na quarta-feira (02/10) e levadas para a prisão de Ktziot, antes da deportação. Localizada no deserto de Negev, no sul de Israel, a prisão tem uma longa reputação por maus-tratos.

Em um relatório de 2025 intitulado “Bem-vindo ao Inferno”, o grupo israelense de direitos humanos B’Tselem documentou casos de 12 palestinos detidos no local, citando falta de comida e água, espancamentos severos e incidentes de abuso sexual entre os crimes sofridos pelos presos.

O status de dois membros da delegação brasileira, João Aguiar e Miguel de Castro, anteriormente desaparecidos, foi atualizado para “interceptados por Israel”. Aguiar estava a bordo do Mikeno, navio que conseguiu romper o cerco e alcançar as águas de Gaza, mas foi interceptado antes de atingir a costa do território.

Também foi confirmada a detenção de outros doze integrantes da delegação brasileira: Thiago Ávila, no Alma; Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, a vereadora Mariana Conti e Nicolas Calabrese, no Sirius; Ariadne Telles e Mansur Peixoto, no Adara; Gabriele Tolotti (presidente do PSOL-RS) e Mohamad El Kadri, no The Spectre; Lucas Gusmão, no Yulara; e a deputada federal Luizianne Lins, no Grand Blue.

Interceptação envolve 12 brasileiros confirmados, incluindo Thiago Ávila, Mariana Conti (PSOL) e Luizianne Lins (PT)

Interceptação envolve 12 brasileiros confirmados, incluindo Thiago Ávila, Mariana Conti (PSOL) e Luizianne Lins (PT)
@freedomflotillabr / Instagram

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou nesta quinta-feira (02/10) que uma equipe da embaixada do Brasil em Israel visitará os brasileiros detidos pelo governo israelense, que estavam nos barcos da Flotilha Global Sumud (GSF) rumo à Faixa de Gaza. A informação foi divulgada pelo chanceler durante reunião com parlamentares, em Brasília.

A visita está prevista para sexta-feira (03/10), um dia após o feriado judaico de Yom Kippur, que paralisa o atendimento consular. De acordo com o Itamaraty, seus representantes verificarão as condições de segurança dos brasileiros detidos, prestarão assistência médica e jurídica e acompanharão os procedimentos legais.

Nas últimas horas, a Flotilha Global Sumud divulgou imagens de um jovem israelense, Itamar Greenberg, tentando entrar em Gaza em protesto contra a guerra de seu país. Em sua publicação, Greenberg, que vem de uma família ultraortodoxa, escreveu: “Agora mesmo: rompendo o cerco. Estamos literalmente em Gaza!”.

Jornalistas são detidos pelas forças israelenses

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou a detenção de jornalistas pelas forças israelenses, que estavam entre centenas de ativistas capturados em embarcações de uma flotilha de ajuda humanitária com destino a Gaza.

A organização de vigilância midiática sediada em Paris informou que havia mais de 20 repórteres estrangeiros a bordo da Flotilha Global Sumud, que partiu no mês passado com destino a Gaza, onde as Nações Unidas relatam situação de fome.

Os profissionais foram presos entre quarta (01/10) e quinta-feira (02/10), quando a Marinha israelense iniciou a interceptação dos barcos que transportavam políticos e ativistas para o território palestino, conforme informou a RSF. Embarcações com mais de 450 pessoas a bordo foram impedidas de chegar à Faixa de Gaza.

“Prender jornalistas e impedi-los de fazer seu trabalho é uma violação grave do direito de informar e ser informado”, afirmou Martin Roux, chefe do departamento de crise do grupo.

“A RSF condena a prisão ilegal dos profissionais de notícias que estavam a bordo desses navios para cobrir uma operação humanitária de escala sem precedentes.”