Ministério da Defesa bloqueia reformas no Exército de Israel; ‘nova disputa’, diz Haaretz
Israel Katz afirmou que nomeações foram realizadas ‘sem consentimento’ do governo; jornal aponta desavença entre liderança política e militares
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, bloqueou as reformas no alto escalão do exército do país, indicadas pelo chefe das Forças de Defesa Israelenses (IDF), Eyal Zamir, afirmando que as nomeações foram realizadas sem a coordenação do governo.
Katz reprovou uma lista de militares que deveriam ser promovidos de acordo com o documento sugerido por Zamir, gerando conflito interno entre as autoridades do governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
O gabinete de Katz emitiu uma declaração afirmando que as promoções foram decididas “sem sua coordenação ou consentimento”, que a lista seria reprovada e que todas as futuras nomeações devem ser coordenadas com o ministro da Defesa.
Segundo o jornal Haaretz, Katz “desafiou publicamente as promoções militares” de Zamir, levando a “uma nova disputa entre a liderança política e militar de Israel”.
A crítica levou as IDF a publicarem a lista de promoções, mas justificou a ação como “uma discussão sobre pessoal, cujo cerne são os cargos operacionais de campo”. “Esses comandantes lideraram e comandaram desde o início da guerra em diversas frentes de batalha”, acrescentou o comunicado, citado pelo Jerusalem Post.
Por outro lado, as IDF reconheceram que apesar de Zamir ter autoridade para nomear comandantes para o Exército israelense, todas as sugestões devem ser submetidas ao ministro da Defesa para aprovação final.
Entre os nomes, está o do Brigadeiro-General Barak Hiram para se tornar chefe da Divisão de Operações. O Haaretz lembra que Hiram “esteve no centro da controvérsia” por suas ações durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, ainda como comandante, ordenou o disparo de tanques e projéteis contra uma casa no Kibutz Be’eri, no sul do país, onde 15 reféns estavam detidos.
De acordo com o Jerusalem Post, o documento de Zamir também inclui “a remodelação e as promoções para a nomeação de um novo comandante do Corpo Blindado da IDF e do Corpo de Engenharia, respectivamente, bem como outros altos cargos nas forças armadas”.

Fontes das IDF estão acusando Katz de “chantagem” após sua posição mediante mudanças sugeridas por Zamir
Divisão de Relações Públicas e Porta-voz do Ministério da Defesa de Israel/Wikicommons
Reações
De acordo com o Times of Israel, fontes das IDF estão acusando Katz de “chantagem” após sua posição mediante as mudanças sugeridas por Zamir.
Também denunciaram que o líder da Defesa está “tratando o chefe do exército como se ele fosse um soldado subalterno, intensificando uma disputa pública entre os chefes do sistema de defesa de Israel”.
As fontes ainda rejeitaram que as mudanças no alto escalão tenham sido sugeridas sem a consulta de Katz. De acordo com seu relato, “Zamir tentou por cerca de um mês agendar uma reunião com Katz sobre a rodada de nomeações, sem sucesso”.
O Times of Israel selecionou relatos em diversos portais israelense sobre o assunto e concluiu que “enquanto Katz está enviando mensagens mordazes [com o bloqueio das nomeações], o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é quem realmente está por trás delas”.
A disputa entre Katz e Zamir levou o líder da oposição israelense Yair Lapid, do partido Yesh Atid, a afirmar que “neste governo insano [de Netanyahu], mesmo um evento básico como a nomeação de oficiais para as Forças de Defesa de Israel (IDF) não passa sem vazamentos, brigas, calúnias e anúncios noturnos”.
בממשלה המטורפת הזו אפילו אירוע בסיסי כמו מינוי קצינים בצה״ל לא עובר בלי הדלפות, מריבות, השמצות והודעות ליליות. ככה לא מנהלים מדינה, ככה לא מובילים צבא. pic.twitter.com/KZe0xwSfJR
— יאיר לפיד – Yair Lapid (@yairlapid) August 11, 2025
“Não é assim que se governa um país, não é assim que se lidera um exército”, acrescentou.
Já na análise do colunista israelense Ron Ben-Yishai, no jornal Ynet News, a disputa interna entre Katz e Zamir “não foi acidental”. Em sua opinião, “faz parte do esforço sistemático e contínuo do governo Netanyahu para transformar altos funcionários públicos em leais que agirão de acordo com os desejos dos políticos — sem questionamentos ou debates”.























