Milhares de judeus ultraortodoxos protestam em Jerusalém contra alistamento militar
Cerca de 200 mil participaram de ato por marco legal que torne permanente a isenção do serviço nas forças israelenses válida desde 1948
Dezenas de milhares de judeus ultraortodoxos lotaram as ruas de Jerusalém nesta quinta-feira (30/10) em uma das maiores manifestações recentes contra a obrigatoriedade do serviço militar em Israel.
Erguendo cartazes onde afirmavam preferir a prisão ao Exército, cerca de 200 mil israelenses expuseram a crise que ameaça a coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no Knesset, o Parlamento israelense.
Em Israel, o serviço militar é obrigatório para a maioria dos jovens de 18 anos, no entanto, os judeus ultraortodoxos, os haredim, opõem-se ao alistamento e alegam que o estudo religioso em tempo integral é o seu principal dever. Eles representam 13% da população israelense, 1,3 milhão de pessoas, informa a France 24.
Os judeus ortodoxos exigem respeito do governo Netanyahu à isenção militar que remonta desde 1948, quando um pequeno grupo de estudiosos foi dispensado do serviço militar. O governo alega que, ao longo das décadas, o número de isenções cresceu.
Em 2024, em meio aos ataques na Faixa de Gaza, a Suprema Corte declarou que não havia base legal para permitir as isenções militares e autorizou o exército a convocar os jovens ortodoxos, mas a maioria não compareceu.

Milhares de judeus ultraortodoxos protestam em Jerusalém contra alistamento militar
Captura de tela / @RT_com
Os partidos religiosos conseguiram prorrogar a situação e agora pressionam pela aprovação de uma lei que torne a isenção dos serviços militares permanente. Setores do governo, porém, alegam “desigualdade de sacrifícios” entre grupos da sociedade. A proposta de lei deverá ser debatida nas próximas semanas no Knesset.
O ato
A imprensa internacional informa que durante o protesto, os judeus ortodoxos transformaram a entrada de Jerusalém em uma enorme vigília de oração, com transmissão por alto-falantes de cânticos e discursos de rabinos influentes no país.
O protesto foi essencialmente masculino, com uma pequena área isolada para mulheres. “Um menino que se alista nas Forças Armadas está fugindo do serviço no exército do Senhor e está traindo o Deus de Israel. Sua punição será grande”, dizia uma das faixas exibidas pelos manifestantes, destaca The New York Times.
A mobilização levou ao fechamento da principal rodovia Jerusalém–Tel Aviv e paralisou o transporte público. Mais de 2 mil policiais foram destacados para acompanhar os manifestantes. No meio do ato, um jovem caiu de um prédio em obras, as investigações sobre o caso estão em curso.























