Mais de 450 pessoas são presas em Londres durante protesto pró-Palestina
Polícia reprimiu manifestantes que apoiavam o Palestine Action, grupo recentemente banido pelo governo britânico por criticar genocídio israelense em Gaza
Mais de 450 pessoas foram presas neste sábado (09/08) em um protesto na praça do Parlamento britânico, em Londres, a favor do Palestine Action, um grupo pró-Palestina que foi banido pelo governo trabalhista do Reino Unido no mês passado ao ser classificado como “organização terrorista”.
De acordo com a Polícia Metropolitana de Londres (Met Police, em inglês), cerca de 500 a 600 manifestantes estavam no local quando iniciou-se o ato. O portal Middle East Eye detalhou que os funcionários de segurança começaram a prender os ativistas pouco depois das 12h35, pelo horário local. À noite, informaram a detenção de 466 pessoas, incluindo idosos, alegando suposto apoio a uma “organização proibida”.
Em 4 de julho, o Reino Unido classificou o Palestine Action como um “grupo terrorista” após um incidente em que membros solidários à causa palestina atacaram a base da Força Aérea Britânica (RAF, na sigla em inglês) e picharam dois aviões que, segundo eles, foram “usados para operações militares em Gaza e em todo o Oriente Médio”. Além disso, os militantes bloquearam a entrada da sede da empresa de defesa israelense Elbit Systems em Bristol, no sudoeste da Inglaterra.
A proibição do governo britânico implica que ser membro ou apoiador do grupo pró-Palestina é, agora, tipificado como um delito penal que pode levar a até 14 anos de prisão, sob a Lei de Terrorismo do ano 2000. Entretanto, especialistas das Nações Unidas (ONU) criticaram a decisão, uma vez que “danos materiais isolados, sem risco à vida humana, não são suficientemente graves para serem considerados terrorismo”. O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, afirmou que a proibição era “desproporcional e desnecessária”, pedindo a revogação dela.

Manifestantes pró-Palestina são reprimidos e presos pela Polícia Metropolitana de Londres
X/Tom Dale
O protesto de sábado foi convocado pela associação Defend Our Juries (DOJ). Os manifestantes seguravam cartazes nos quais se podia ler “Me oponho ao genocídio. Apoio o Palestine Action”, conforme as fotografias publicadas nas redes sociais.
“Em um ato coletivo de resistência, as pessoas estão arriscando sua liberdade por nossos direitos civis e pelo povo palestino”, escreveu o grupo na plataforma X.
A Met Police assegurou que todas as pessoas que haviam mostrado um cartaz em apoio ao Palestine Action foram detidas. Por outro lado, o DOJ destacou que as prisões em massa podem sobrecarregar um sistema prisional que já está “à beira do colapso” e que permanece com 97,5% da capacidade, de acordo com uma análise independente realizada esta semana.
O protesto ocorre em meio à crescente pressão sobre o governo do Reino Unido para suspender a polêmica proibição do grupo pró-Palestina, em meio a preocupações de que a medida possa ser usada para reprimir críticas a Israel, que lidera um genocídio em Gaza, e ao direito de protesto.
Para a Anistia Internacional, as prisões em massa violam o direito internacional.
“Num momento em que as pessoas estão, com razão, indignadas com o genocídio que veem sendo perpetrado em Gaza, é mais crucial do que nunca que haja espaço para expressar pacificamente essa indignação”, declarou o diretor-executivo da Anistia no Reino Unido, Sacha Deshmukh, na quinta-feira (07/08).























