Mais de 250 veículos de mídia de 50 países protestam contra assassinato de jornalistas em Gaza
‘Em breve não haverá mais ninguém para te manter informado’, afirma comunicado do Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em domingo de repúdio aos ataques de Israel
Mais de 250 meios de comunicação em 50 países realizaram, neste domingo (31/08), um protesto global exigindo o fim do assassinato de jornalistas em Gaza e o acesso irrestrito da imprensa internacional ao enclave sitiado.
A iniciativa, coordenada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e apoiada pela Avaaz e pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), inclui ucapas de jornais apagadas, banners em sites e interrupções de transmissões com a mensagem: “No ritmo em que jornalistas estão sendo mortos em Gaza pelo exército israelense, em breve não haverá mais ninguém te manter informado”.
O Escritório de Imprensa em Gaza informa que 247 jornalistas já foram mortos desde o início da guerra; estimativas independentes apontam mais de 270 mortos. Muitos eram profissionais palestinos trabalhando sem qualquer possibilidade de retirada ou apoio externo.
Em 25 de agosto, as forças israelenses bombardearam o complexo médico al-Nasser, considerado um centro de mídia, matando cinco jornalistas — entre eles funcionários da Reuters e da Associated Press. Duas semanas antes, outro ataque havia matado seis jornalistas, incluindo o correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif.
Nesta segunda-feira (01/09), a agência catari publicou um especial com a foto e a identificação dos jornalistas palestinos mortos desde o começo dos ataques israelenses.
Segundo dados do Memorial Freedom Forum, que reúne o nome dos profissionais assassinados em guerras ao longo da história, as Forças de Defesa de Israel (FDI) assassinaram, em menos de dois anos, mais jornalistas e profissionais de mídia do que qualquer guerra da história mundial.

Anas al-Sharif e Mohammed Qreiqeh da Al Jazeera estão entre os mais de 240 jornalistas mortos por Israel em Gaza
@Palestine_UN
O comunicado
No comunicado, os veículos de imprensa, incluindo as brasileiras Agência Pública e Brasil de Fato, em consonância com o apelo lançado pela RSF e pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) em junho, denunciam “o assassinato de jornalistas pelo exército israelense na Faixa de Gaza e pedem o fim da impunidade dos crimes cometidos contra eles”; exigem “que seja permitida a evacuação urgente dos jornalistas palestinos que assim desejarem” e pedem às autoridades israelenses que permitam o acesso independente da imprensa internacional à Faixa de Gaza.
“A oito dias da abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, exigimos uma ação firme da comunidade internacional e fazemos um apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que ponha fim aos crimes do Exército israelense contra os jornalistas palestinos”, diz o texto.
Para a RSF, a situação representa um ataque direto à liberdade de imprensa. “Esta não é apenas uma guerra contra Gaza, é uma guerra contra o próprio jornalismo. Jornalistas estão sendo mortos, estão sendo alvos, estão sendo difamados. Sem eles, quem falará de fome, quem exporá crimes de guerra, quem denunciará genocídios?”, declarou Thibaut Bruttin, diretor-geral da organização.
Organizações de imprensa alertam que o objetivo de impedir a cobertura é obscurecer crimes de guerra e violações de direitos humanos. “Está muito claro que Gaza está sendo transformada em um cemitério para jornalistas por um motivo”, afirmou Andrew Legon, diretor de campanha da Avaaz.
Já a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) defendeu a criação de uma Convenção Internacional da ONU sobre segurança e independência dos jornalistas. “Cada jornalista morto em Gaza era colega, amigo ou família de alguém. Eles arriscaram tudo para dizer a verdade ao mundo e pagaram com suas vidas”, disse o secretário-geral Anthony Bellanger.























