Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Mais de 250 meios de comunicação em 50 países realizaram, neste domingo (31/08), um protesto global exigindo o fim do assassinato de jornalistas em Gaza e o acesso irrestrito da imprensa internacional ao enclave sitiado.

A iniciativa, coordenada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e apoiada pela Avaaz e pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), inclui ucapas de jornais apagadas, banners em sites e interrupções de transmissões com a mensagem: “No ritmo em que jornalistas estão sendo mortos em Gaza pelo exército israelense, em breve não haverá mais ninguém te manter informado”.

O Escritório de Imprensa em Gaza informa que 247 jornalistas já foram mortos desde o início da guerra; estimativas independentes apontam mais de 270 mortos. Muitos eram profissionais palestinos trabalhando sem qualquer possibilidade de retirada ou apoio externo.

Em 25 de agosto, as forças israelenses bombardearam o complexo médico al-Nasser, considerado um centro de mídia, matando cinco jornalistas — entre eles funcionários da Reuters e da Associated Press. Duas semanas antes, outro ataque havia matado seis jornalistas, incluindo o correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif.

Nesta segunda-feira (01/09), a agência catari publicou um especial com a foto e a identificação dos jornalistas palestinos mortos desde o começo dos ataques israelenses.

Segundo dados do Memorial Freedom Forum, que reúne o nome dos profissionais assassinados em guerras ao longo da história, as Forças de Defesa de Israel (FDI) assassinaram, em menos de dois anos, mais jornalistas e profissionais de mídia do que qualquer guerra da história mundial.

Anas al-Sharif e Mohammed Qreiqeh da Al Jazeera estão entre os mais de 240 jornalistas mortos por Israel em Gaza
@Palestine_UN

O comunicado

No comunicado, os veículos de imprensa, incluindo as brasileiras Agência Pública e Brasil de Fato, em consonância com o apelo lançado pela RSF e pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) em junho, denunciam “o assassinato de jornalistas pelo exército israelense na Faixa de Gaza e pedem o fim da impunidade dos crimes cometidos contra eles”; exigem “que seja permitida a evacuação urgente dos jornalistas palestinos que assim desejarem” e pedem às autoridades israelenses que permitam o acesso independente da imprensa internacional à Faixa de Gaza.

“A oito dias da abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, exigimos uma ação firme da comunidade internacional e fazemos um apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que ponha fim aos crimes do Exército israelense contra os jornalistas palestinos”, diz o texto.

Para a RSF, a situação representa um ataque direto à liberdade de imprensa. “Esta não é apenas uma guerra contra Gaza, é uma guerra contra o próprio jornalismo. Jornalistas estão sendo mortos, estão sendo alvos, estão sendo difamados. Sem eles, quem falará de fome, quem exporá crimes de guerra, quem denunciará genocídios?”, declarou Thibaut Bruttin, diretor-geral da organização.

Organizações de imprensa alertam que o objetivo de impedir a cobertura é obscurecer crimes de guerra e violações de direitos humanos. “Está muito claro que Gaza está sendo transformada em um cemitério para jornalistas por um motivo”, afirmou Andrew Legon, diretor de campanha da Avaaz.

Já a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) defendeu a criação de uma Convenção Internacional da ONU sobre segurança e independência dos jornalistas. “Cada jornalista morto em Gaza era colega, amigo ou família de alguém. Eles arriscaram tudo para dizer a verdade ao mundo e pagaram com suas vidas”, disse o secretário-geral Anthony Bellanger.