Maior fundo soberano do mundo retira investimento de empresas israelenses
Norges Bank citou 'grave crise humanitária' em Gaza como justificativa ao vender participações de 11 empresas
O fundo soberano da Noruega, que acumula investimentos de 1,9 trilhão de dólares e é considerado o maior do mundo, anunciou nesta terça-feira (12/08) a venda completa de sua participação na Bet Shemesh Engines Holding (BSEL) e enfatizou que pretende se desfazer de 11 empresas israelenses devido ao genocídio em curso na Palestina.
De acordo com o gestor do fundo Nicolai Tangen, chefe do Norges Bank Investment Management (NBIM), a decisão foi tomada “em resposta a circunstâncias extraordinárias”.
“A situação em Gaza é uma grave crise humanitária. Temos investimentos em empresas que operam em um país em guerra, e as condições na Cisjordânia e em Gaza pioraram recentemente. Em resposta, vamos reforçar ainda mais nossa diligência prévia”, afirmou Tangen em comunicado.
A medida ocorreu após o jornal norueguês Aftenposten revelar que o NBIM havia investido na BSEL, uma fabricante israelense de motores a jato que presta serviços ao Exército de Israel, incluindo a manutenção de caças. Tangen reconheceu a aquisição e informou que ela foi feita um mês após o início do genocídio em Gaza, fato que alimentou críticas públicas sobre a supervisão ética do fundo.
“Continuaremos a simplificar o portfólio israelense, mas precisamos fazer uma revisão completa primeiro”, confirmou o NBIM.

Fábrica de motores de Beit Shemesh
Wikimedia Commons/רווח הפקות
A participação de US$ 15 milhões do fundo na BSEL representava 2,1% de propriedade no final de 2024, mais de quatro vezes o valor de sua participação no final de 2023. O aumento acentuado durante o massacre de palestinos em Gaza provocou indignação de grupos da sociedade civil e partidos políticos, que acusaram o NBIM de ignorar suas próprias diretrizes éticas.
As revelações pressionaram o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, a pedir ao ministro das Finanças, Jens Stoltenberg, ex-secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) uma revisão na política de investimentos do NBIM, que é vinculado ao banco central norueguês.
O NBIM acumulava investimentos em 61 empresas israelenses até 30 de junho, 11 das quais não faziam parte de seu “índice de referência de ações”. Em nota, o fundo afirmou que “todos os investimentos em empresas israelenses que não fazem parte do índice de referência de ações serão vendidos o mais rápido possível”. Acrescentou ainda que, até 20 de agosto, as 50 restantes deverão passar por revisão.
Os desinvestimentos ocorrem em meio à crescente pressão da população na Noruega pelo rompimento com Israel. Em maio de 2025, o maior sindicato da Noruega, que representa um milhão de trabalhadores, votou a favor do boicote econômico.
Já um ano antes, em maio de 2024, a Noruega reconheceu formalmente o Estado da Palestina e impôs sanções direcionadas a várias autoridades israelenses extremistas.























