Macron afirma que anexação da Cisjordânia por Israel seria 'linha vermelha' para EUA
Presidente francês contou que Trump não apoiará retaliação israelense no território ocupado
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta quarta-feira (24/09) em entrevista à France 24, que qualquer tentativa de anexação de partes da Cisjordânia ocupada por Israel constituiria uma “linha vermelha” para os Estados Unidos e significaria o fim dos Acordos de Abraão. Ele afirmou ter recebido a garantia diretamente de Donald Trump durante um encontro com o presidente norte-americano em Nova York.
Macron apresentou a Trump um plano de três páginas para o futuro da Palestina, ancorado na Declaração de Nova York, endossada por mais de 143 países e que prevê excluir o Hamas do governo em Gaza e na Cisjordânia. “O objetivo do nosso encontro foi colocar Estados Unidos, Europa e países árabes na mesma página”, disse.
Segundo ele, Trump afirmou que sobre a expansão de colonatos — incluindo o corredor E1, com 3.400 novas moradias — “europeus e americanos estão alinhados”. A França e outros países europeus enxergam com preocupação a possibilidade de Trump reconhecer a soberania israelense sobre assentamentos ilegais.
O premiê Benjamin Netanyahu e oficiais do governo ameaçaram, no último domingo (21/09) ampliar os assentamentos na Cisjordânia ocupada, referindo-se à região como “Judeia e Samaria”. A medida seria uma retaliação ao reconhecimento do Estado palestino pelo Reino Unido, Austrália, França e outros. A iniciativa significaria o fim da solução de dois Estados e foi condenada pelos Emirados Árabes Unidos como uma “linha vermelha”
O presidente francês reiterou a Trump que uma anexação “seria o fim dos Acordos de Abraão”, um dos trunfos diplomáticos do primeiro mandato do republicano. “Acho que é uma linha vermelha para os EUA. Os Emirados Árabes Unidos foram muito claros”, afirmou.
Ele disse que apelou diretamente a Trump. “Temos que convencer os americanos a pressionar Israel” pois os EUA são “o país com real influência”. Ele também criticou parlamentares israelenses: “o objetivo de alguns não é combater o Hamas , mas sim minar a possibilidade de um caminho para a paz”. E frisou que “não há Hamas na Cisjordânia”.

Macron afirma que anexação da Cisjordânia por Israel seria ‘linha vermelha’ para Trump
Daniel Torok / White House
Prisões na Cisjordânia ocupada
Enquanto isso, as prisões escalam na Cisjordânia ocupada. Nesta quinta-feira (25/09), a região amanheceu sob forte repressão de forças israelenses, com prisões e incursões em várias cidades. O Escritório de Mídia dos Prisioneiros Palestinos confirmou à agência Wafa que um jornalista foi detido durante uma operação na cidade de Sa’ir, ao norte de Hebron.
Na mesma região, um ex-prisioneiro recém-libertado foi novamente preso em uma ação militar em Halhul, e cinco pessoas foram presas no campo de refugiados de Fawwar.
Em Salfit, o prefeito de Bruqin, um representante do Fatah e seu vice foram detidos após soldados israelenses invadirem suas casas. Eles foram libertados algumas horas depois. Na aldeia de Marda, um jovem também foi detido. Paralelamente, colonos israelenses invadiram a área de Masafer Yatta, no sul de Hebron, conhecida por ser alvo frequente de intimidação. Eles tentaram assustar moradores de Shi’b al-Butm, um pequeno vilarejo de pastoreio.
Prisões também ocorreram em Ramallah, onde pelo menos seis palestinos foram detidos, e em Qalqilya, informa a Wafa.























