Líder da UE propõe sanções contra Israel: ‘fome em Gaza não pode ser arma de guerra’
Ursula von der Leyen sugeriu medidas contra ministros e colonos israelenses extremistas, além de propor suspensão parcial do acordo comercial com Tel Aviv
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta quarta-feira (10/09) que o bloco europeu imponha sanções contra Israel devido à sua ofensiva militar na Faixa de Gaza.
A chefe do poder executivo europeu criticou Israel por usar a fome como arma de guerra no enclave palestino e afirmou que pedirá ao Conselho Europeu para impor sanções contra “ministros israelenses extremistas e colonos violentos”.
What is happening in Gaza has shaken the conscience of the world.
Man-made famine can never be a weapon of war. This must stop.
EU aid to Gaza far outweighs that of any other partner.
But of course, Europe needs to do more.
Here are measures for a way forward ↓ pic.twitter.com/xnq8PkMduG
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) September 10, 2025
“O que está acontecendo em Gaza abalou a consciência do mundo. Pessoas mortas enquanto imploravam por comida. Mães segurando bebês sem vida. Essas imagens são simplesmente catastróficas. A fome provocada pelo homem nunca pode ser uma arma de guerra”, declarou.
A líder europeia também citou o “sufocamento financeiro” da Autoridade Nacional Palestina (ANP), os planos de ocupação israelenses para a Cisjordânia e as “ações e declarações dos ministros mais extremistas do governo israelense que incitam a violência”.
Segundo seu discurso, tudo isso é “uma clara tentativa de minar a solução de dois Estados” na região.
A chefe da UE também citou a criação de um grupo de doadores voltado para a reconstrução de Gaza. “Este será um esforço internacional com parceiros regionais e aproveitará a dinâmica da conferência de Nova York organizada pela França e pela Arábia Saudita”, afirmou o presidente da Comissão Europeia.
Von der Leyen disse ainda que vai propor a suspensão parcial do acordo comercial com Israel. Segundo ela, a Comissão fará “tudo o que estiver ao alcance” para retirar o apoio bilateral a Israel, sem, contudo, prejudicar setores da sociedade civil.
“No próximo mês, criaremos um ‘grupo de doadores palestinos’, incluindo um instrumento específico para a reconstrução de Gaza. Este será um esforço internacional com parceiros regionais e aproveitará a dinâmica da conferência de Nova York organizada pela França e pela Arábia Saudita”, afirmou o presidente da Comissão Europeia.
A autoridade europeia ainda fez um apelo pelos “os reféns estão sendo mantidos em cativeiro há mais de 700 dias por terroristas, desde 7 de outubro”, e apesar das críticas a Israel, afirmou que “nunca haverá lugar para o Hamas, nem agora nem no futuro”.

Em discurso anual, líder do bloco abordou temas internacionais, migração, economia, tarifaço e defesa da democracia
Ursula von der Leyen/X
Acordo com Mercosul
Em discurso anual sobre o Estado da União Europeia (UE), a líder do bloco fez um balanço e apresentou projeções para o seu mandato, abordando temas internacionais, como a guerras na Ucrânia, além do no Oriente Médio, migração, economia, tarifaço e defesa da democracia.
Neste sentido, Von der Leyen defendeu o acordo comercial com o Mercosul, afirmando que diversificar os parceiros comerciais é imperativo para a Europa se tornar mais independente.
“Precisamos capitalizar novas oportunidades e, em um momento em que o sistema comercial global está enfraquecendo, vamos assegurar as regras comerciais por meio de acordos bilaterais, como os acordos com o México, com o Mercosul e os históricos que estamos firmando com a Índia até o fim do ano”, declarou.
Na última semana, o poder Executivo da UE aprovou o texto do tratado de livre comércio com o Mercosul para enviá-lo a todos os Estados-membros, juntamente com um documento adicional que estabelece proteções para produtores agropecuários do bloco, em meio aos temores sobre a concorrência com mercadorias mais baratas do bloco sul-americano.
“Por muito tempo, o trabalho duro deles não foi recompensado como deveria. Os agricultores têm direito a um preço justo por seus alimentos e a um lucro justo para suas famílias”, acrescentou ela aos eurodeputados em Estrasburgo.
Para a líder do bloco, o comércio global permite a região fortalecer suas cadeias e suprimentos, além de abrir novos mercados e reduzir a dependência.
Von der Leyen destacou que o acordo tarifário com os Estados Unidos também “garante estabilidade fundamental” em suas relações com o governo de Donald Trump “em um momento de grave insegurança global”.
“Há dois imperativos para a busca da independência europeia. O primeiro é redobrar nossos esforços em diversificação e parcerias. 80% do nosso comércio é com outros países além dos Estados Unidos. Portanto, precisamos aproveitar essas novas oportunidades”, disse.
Para a mandatária, “o segundo imperativo é que a UE intervenha onde outros recuaram”. “O mundo quer escolher a Europa. E precisamos fazer negócios com o mundo”.
(*) Com Ansa e informação de Anadolu























