Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Exército de Israel realizou ataques aéreos em Rafah, no sul do enclave, neste domingo (19/10), depois de culpar os militantes do Hamas por supostamente terem atacado os seus soldados, violando, assim, as cláusulas da primeira fase do acordo de cessar-fogo. De imediato, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou às Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e aos serviços de segurança a tomarem “medidas firmes contra alvos terroristas na Faixa de Gaza”. Segundo o gabinete do premiê, o ministro da Defesa, Israel Katz, e os chefes do Shin Bet e do Mossad, também receberam a instrução.

“Na esteira das repetidas violações do acordo de cessar-fogo e do ataque criminoso realizado por elementos terroristas do Hamas esta manhã, as IDF responderão com grande força contra a infraestrutura terrorista e os elementos do Hamas”, alertou o porta-voz em árabe do Exército israelense, coronel Avichay Adraee.

Mais cedo, em comunicado, os militares israelenses alegaram que militantes dispararam um míssil antitanque e tiros contra suas tropas na área de Rafah, classificando a ação como “uma violação flagrante” do tratado costurado pelos Estados Unidos, em vigor há mais de uma semana. Acrescentaram ainda que os primeiros ataques aéreos trataram-se de uma retaliação “para eliminar a ameaça” e desmantelar poços de túneis e outras estruturas militares. Não houve relatos imediatos de vítimas de ambos os lados.

A acusação israelense foi logo rejeitada pelo Hamas. O movimento palestino negou conhecimento dos ataques ocorridos no sul do enclave, como também negou ter violado o cessar-fogo. As Brigadas Al-Qassam, a ala militar do grupo, ressaltou não ter vínculos com o incidente em Rafah.

“Estamos comprometidos com o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, reforçou. “Não temos informações sobre incidentes ou confrontos ocorridos na área de Rafah, que está sob controle de ocupação.”

O Hamas reiterou que “nossa conexão com os grupos localizados lá foi cortada desde março passado. Não temos ligação com nenhum evento que ocorra naquela área e não temos como nos comunicar com nossos combatentes lá, se algum deles ainda estiver vivo.”

De acordo com o funcionário do Hamas, Izzat al-Rishq, trata-se de uma tática de Israel para continuar violando a trégua e de fabricar “pretextos frágeis para justificar seus crimes”. No sábado (18/10), as autoridades palestinas no enclave denunciaram que as IDF violaram o acordo de cessar-fogo 47 vezes, causando 38 mortes e 143 feridos, desde a sua implementação.

Nos últimos dias, o acordo de cessar-fogo estava já apresentava sinais de possível rompimento pelo lado sionista. Enquanto o Hamas encontra dificuldades na recuperação dos corpos israelenses soterrados em meio à destruição provocada pelos bombardeios ao longo do genocídio no enclave, Tel Aviv rejeitou uma missão turca disposta a auxiliar o grupo a realizar as operações de busca. Em seguida, condicionou a reabertura da passagem humanitária de Rafah, localizada entre Egito e Gaza, à devolução integral de seus reféns.

Na sexta-feira (17/10), os militares israelenses dispararam contra um veículo no norte de Gaza, matando pelo menos nove pessoas, incluindo quatro crianças, de acordo com uma equipe de resgate no território palestino. As forças sionistas justificaram o ataque alegando que o veículo cruzou uma linha de demarcação para onde as tropas se retiraram sob os termos do cessar-fogo. 

O Exército de Israel tem alertado os civis palestinos, muitas vezes por redes sociais, para não cruzarem as linhas demarcadas ou se aproximarem de suas tropas nas áreas controladas por Tel Aviv. Contudo, muitos moradores de Gaza não têm acesso a serviços de internet e ficam confusos com os mapas pouco claros apresentados pelas forças de ocupação em meio a um território devastado.

Israel rompe acordo de cessar-fogo e retoma ataques intensos na Faixa de Gaza
IRNA/Fotos Públicas

Ministros israelenses pedem retomada total de ataques

Após instruir os militares israelenses a “agir com força contra alvos terroristas do Hamas” no enclave, o ministro da Defesa, Israel Katz, declarou neste domingo que “o Hamas aprenderá hoje da maneira mais difícil que as IDF estão determinadas a proteger seus soldados e evitar qualquer dano a eles”. De acordo com uma fonte militar ao The Times of Israel, até agora, mais de 20 alvos foram atingidos em Gaza em retaliação.

“O Hamas pagará um preço alto por qualquer tiroteio e violação do cessar-fogo e, se a mensagem não for compreendida, a intensidade das respostas aumentará”, ameaçou Katz.

Por sua vez, o principal membro do gabinete de guerra israelense, Benny Gantz, alegou que o Hamas violou o cessar-fogo e destacou que “todas as opções devem estar sobre a mesa” enquanto o regime sionista ataca os palestinos.

O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, escreveu “Guerra!” em rede social. Durante a sessão para a ratificação do acordo de cessar-fogo em 9 de outubro, o político de extrema direita havia votado contra e destacado que, após o retorno dos reféns – a primeira fase do tratado – Israel deveria “continuar a lutar com todas as suas forças pela erradicação real do Hamas e pela desmilitarização real de Gaza”.