Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Israel anunciou nesta quarta-feira (12/11) a reabertura permanente da passagem de Zikim, no norte da Faixa de Gaza, para a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.

Segundo declaração de um porta-voz do Cogat à agência de notícias AFP, a passagem de Zikim ficará aberta “de modo permanente”, assim como a de Kerem Shalom, no sul de Gaza, a qual tem recebido a maior parte das entregas humanitárias desde o início do conflito, há dois anos.

O anúncio sobre o local que estava bloqueado desde meados de setembro foi feito pelo Cogat, órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável por assuntos civis nos territórios palestinos.

As cargas serão entregues pela Organização das Nações Unidas (ONU) e organizações internacionais “após rigorosas inspeções de segurança realizadas pela Autoridade de Passagens Terrestres do Ministério da Defesa”, acrescentou o comunicado.

O órgão israelense, citado pela Folha de S. Paulo, detalhou ainda que as operações devem ocorrer “em conformidade com uma diretriz do escalão político”.

Segundo funcionários da ONU, a entrada de cargas destinadas a socorrer a população palestina tem sido dificultada pelas longas verificações de segurança israelenses e pelas restrições à entrada de diversos itens.

Por sua vez, o Cogat respondeu que Israel não impede a entrada de itens no enclave palestino, mas age para que o grupo palestino Hamas “não “explore cinicamente a ajuda para seu próprio fortalecimento militar”, sem apresentar provas concretas.

Contudo, um monitoramento do Painel de Monitoramento e Rastreamento da UN2720 mostrou que, entre 10 de outubro a 9 de novembro, apenas 3.451 caminhões apenas 3.451 dos 18 mil conseguiram chegar aos seus destinos em Gaza.

O anúncio ocorre na esteira de denúncias sobre a emergência humanitária no enclave. O fechamento da passagem de Zikim, em 12 de setembro, levou o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas a afirmar que não conseguia enviar ajuda humanitária pelo norte de Gaza.

Fechamento da passagem de Zikim levou Programa Mundial de Alimentos a afirmar que não conseguia enviar ajuda humanitária
World Food Programme/X

Violações do cessar-fogo

A abertura das duas passagens acontece poucos dias após a marca de um mês do cessar-fogo em Gaza, na última segunda-feira (10/11). Mesmo sob o acordo, as forças de ocupação israelenses violaram a trégua praticamente todos os dias desde sua implementação, em 10 de outubro.

Segundo a emissora catari Al Jazeera, Israel atacou Gaza em pelo menos 25 dos 31 dias contabilizados, significando que em apenas seis dias não houve ofensivas israelenses no encalve palestino durante o cessar-fogo.

Segundo informações do Gabinete de Imprensa do Governo em Gaza, Israel violou o cessar-fogo pelo menos 282 vezes por meio de ataques aéreos, artilharia e disparos diretos.

Em detalhe, o governo palestino afirmou que Israel disparou contra civis 88 vezes, invadiu áreas residenciais 12 vezes, bombardeou Gaza 124 vezes, demoliu propriedades em 52 ocasiões, além de deter 23 palestinos.

As violações resultaram em pelo menos 242 palestinos mortos desde o início do acordo e 622 feridos, de acordo com dados do Ministério da Saúde palestino.

Das vítimas fatais, 154 foram feitas em 19 e 29 de outubro. No primeiro dia, Israel acusou o Hamas de violar o cessar-fogo após a morte de dois soldados das Forças de Defesa Israelenses (IDF) em Rafah, e mataram 45 pessoas em uma onda de ataques aéreos em Gaza.

Já em 29 de outubro, Israel matou 109 pessoas, sendo 52 crianças, em ataques a tiros.

As vítimas durante o cessar-fogo elevam o número de mortos durante o genocídio do povo palestino promovido por Israel a pelo menos 69.179 pessoas, incluindo 20.179 crianças.

(*) Com Ansa